São Paulo, segunda-feira, 8 de julho de 1996
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Brasil abriga coleção rara sobre Jogos

Acervo fica em Manaus

EDGARD ALVES
ENVIADO ESPECIAL A MANAUS

Uma disputa acirrada e curiosa vai ocorrer em Atlanta, longe das quadras, mas sob o emblema dos Jogos Olímpicos, no dia 30. Trata-se do milionário leilão de peças históricas do movimento olímpico internacional.
A mais importante profissional desse segmento olímpico, a leiloeira Ingrid O'Neil, dos EUA, vai comandar a disputa.
Entre os interessados nas peças estará o brasileiro Roberto Gesta de Melo, 51, um dos principais colecionadores do mundo.
O leilão envolve desde broches, selos, cinzeiros e relógios com alusões olímpicas até tochas.
Isso mesmo: tochas como aquela que hoje percorre os EUA, vinda da Grécia, e leva o fogo para o ponto culminante na solenidade de abertura da Olimpíada.
"Tenho exemplares de tochas, exceto a de Helsinque-52, desde que elas passaram a fazer parte dos Jogos, em Berlim-36", afirma Gesta de Melo, advogado, empresário da área de importação de materiais esportivos, presidente da Confederação Brasileira de Atletismo e membro do Conselho da Federação Internacional da modalidade.
Preciosidades
A coleção desse amazonense é extensa. Abriga moedas olímpicas, porcelanas e mascotes. A parte dos selos é abrangente e repleta de detalhes (leia texto abaixo).
Tem ainda cópias dos relatórios oficiais de todas as Olimpíadas. A parte mais nova inclui série de relógios, cartões telefônicos e "cartão-dinheiro" (tipo de crédito, com estampas olímpicas).
"Sempre gostei muito de ler e estudar. Quando jovem, comprava um livro por dia", afirma Gesta de Melo, que passou a se interessar por esporte quando ingressou na Faculdade de Direito da Universidade do Amazonas.
Procurou uma modalidade simples, o tênis de mesa, que era uma distração em sua casa. Foi campeão universitário amazonense.
A seguir, ingressou na Federação Universitária do Amazonas, como dirigente, e passou a conhecer outras modalidades. Acabou se envolvendo com o esporte e colaborou na criação de 16 federações de modalidades esportivas no Estado.
"Tomei gosto pelas coleções quando fui assistir aos Jogos Olímpicos de Munique, em 1972. Foi lá que começou", declara o colecionador, que já tinha o hábito de juntar figurinhas e livros de assuntos gerais.
Filho único, de família abastada (pai era desembargador e depois se tornou o principal exportador de látex do Amazonas), Gesta de Melo não encontrou barreiras para adotar o hobby das coleções.
Ele garante que nunca parou para calcular quanto investiu e menos ainda para fazer uma estimativa do valor atual das peças.
"Esse tipo de negócio não tem preço", disse Gesta de Melo.

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