São Paulo, quarta-feira, 10 de julho de 1996
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BC quer aumentar juro da dívida externa

FERNANDO RODRIGUES
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O Banco Central enviou para o Senado uma proposta de troca de US$ 1,774 bilhão de bônus da dívida externa por um novo papel.
Nessa operação, o país retiraria os papéis denominados bônus ao par, que pagam um juro médio de 5,91% ao ano. No lugar, entraria um novo título, com rendimento de 13% ao ano.
A justificativa do BC, apresentada pelo diretor Gustavo Franco, é que haveria uma redução no valor total da dívida. No lugar de US$ 1,774 bilhão, seriam emitidos bônus no valor total de US$ 1 bilhão.
A economia de US$ 774 milhões no principal da dívida, segundo o BC, não seria a única. O país ganharia também resgatando US$ 318 milhões que depositou como garantia na emissão do bônus ao par. Isso compensaria o pagamento de juros mais altos, de 13%.
Os novos papéis teriam um prazo de maturação idêntico ao bônus ao par, que é de 30 anos.
Senado
Para o senador Roberto Requião (PMDB-PR), relator da proposta do BC de trocar os papéis da dívida externa, a operação "não aparenta ser vantajosa para o país".
O senador nota que, apesar de ter o volume principal da dívida reduzido, o gasto anual com pagamento de juros aumentaria muito.
Nas condições atuais, para US$ 1,774 bilhão de bônus ao par, o país gastará US$ 90,9 milhões com juros em 1997. Já com o novo papel, no valor total de US$ 1 bilhão, a despesa com juros ficaria em US$ 130 milhões no ano que vem.
Sobre a vantagem de resgatar as garantias, o senador não acha que isso seja suficiente para compensar o gasto imediato com mais juros. "Além disso, as garantias já são do país, são uma reserva."
Requião diz ser favorável à reestruturação da dívida externa. Mas acha que o BC não especificou direito como isso pode ser feito.
Ele diz ter estranhado o BC não ter solicitado permissão para, por exemplo, recomprar papéis.
"Acho que isso seria vantajoso, pois há título sendo vendido com grande deságio que poderia ser adquirido de maneira reservada, com autorização do Senado", diz.
Operações ligadas à dívida externa dependem de aval do Senado. Requião deve apresentar hoje seu relatório sobre a proposta na Comissão de Assuntos Econômicos.

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