São Paulo, sábado, 13 de julho de 1996
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Morte de 3 do PC do B terá indenização

ANA MARIA MANDIM
DA REPORTAGEM LOCAL

A Comissão Especial de Desaparecidos Políticos reconheceu a responsabilidade do Estado na morte de Pedro Pomar, Ângelo Arroyo e João Batista Drummond, dirigentes do PC do B (Partido Comunista do Brasil).
O reconhecimento da comissão, que foi criada pela lei 9.140/95, confere, automaticamente, indenização às famílias dos três ativistas contrários ao regime militar, que vigorou entre 1964 e 1985.
Cada família receberá R$ 100 mil. A indenização será igual porque os três tinham mais de 31 anos quando morreram: Pomar, 63, Arroyo, 48, e Drummond, 32.
Pomar e Arroyo foram mortos em operação dos órgãos de segurança na Lapa (zona oeste de São Paulo), em 1976. Drummond morreu em consequência da ação.
Os três membros do PC do B eram procurados pelo regime militar. Estavam reunidos em uma casa na Lapa junto com outros integrantes da cúpula do partido.
Pomar e Arroyo foram mortos na casa. Drummond e outras seis pessoas foram presas ao sair dela. Drummond suicidou-se no DOI (Departamento de Operações de Informações) do 2º Exército.
Em entrevista à Folha, o general Leônidas Pires Gonçalves, 75, ministro do Exército no governo José Sarney (1985-90), revelou o apelido do informante que teria facilitado aos órgãos de segurança o acesso à direção do PC do B.
O apelido e o nome do suposto informante foram confirmados à Folha por Marival Chaves, 49, ex-agente do DOI do 2º Exército.
O informante teria sido Manoel Jover Teles, ex-membro do CC (Comitê Central) do PC do B.
O partido considera Teles responsável pela morte de Pomar e Arroyo e pela prisão de sete militantes, dos quais cinco dirigentes.
Cerco e ataque
Às 6h30 do dia 16 de dezembro de 1976, policiais e agentes do Exército fecharam o cerco sobre a casa nº 767 da rua Pio 11, no Alto da Lapa.
Dentro da casa, ignorando o perigo que os ameaçava, os dirigentes do PC do B faziam o balanço político da guerrilha do Araguaia, então já destroçada.
O ataque, com metralhadoras e carabinas, foi rápido. Após 20 minutos de fuzilaria, desmantelou-se a cúpula da última organização que ainda mantinha disposição de luta armada contra o regime.
Na casa ficaram os corpos de Pomar, um dos fundadores e principais teóricos do PC do B, e de Arroyo, um dos comandantes militares da guerrilha do Araguaia.
A operação havia sido cuidadosamente planejada em Brasília pelo Centro de Informações do Exército e envolvera o 1º, o 2º e o 3º Exércitos e a polícia de São Paulo.

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