São Paulo, sábado, 13 de julho de 1996
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Maioria dos policiais tem 2 empregos em SP e RJ

DA REPORTAGEM LOCAL

A maioria dos policiais paulistas e cariocas tem um "bico" - serviço extra durante a folga. No Rio, cerca de 75% dos policiais civis e militares têm duplo emprego. Em São Paulo, 85% dos PMs estão nessa situação. Há cerca de 40 mil policiais civis e militares no Rio. O trabalho extra ocorre, principalmente, na área de segurança.
O duplo emprego é criticado pelo chefe de Polícia Civil, Hélio Luz, que disse também não apreciar o apoio financeiro que empresários têm dado para recuperar as estruturas de dez delegacias.
"O policial vai ficar devendo favores e o favor pode custar caro", disse Luz, ressaltando que, pelo menos, o apoio para recuperar delegacias está sendo comandado pela Associação Comercial do Rio.
Por iniciativa do governo de Leonel Brizola (PDT), há dois anos a "atividade complementar" na área de segurança foi regulamentada, criando o que ficou conhecido como "Lei do Bico".
Em junho passado, essa lei foi revogada por outra, elaborada pela Comissão de Segurança da Assembléia Legislativa, com o apoio do governo Marcello Alencar (PSDB).
O secretário da segurança, general Nilton Cerqueira, e o delegado Hélio Luz defenderam a revogação. "É um absurdo (o bico). É um espaço de privatização da segurança pública", disse Luz.
O salário médio da categoria gira em torno de R$ 350 (detetive ou cabo da PM). O Sindicato dos Policiais Civis do Rio foi favorável à revogação e a Associação dos Delegados de Polícia a criticou.
São Paulo
O Comando Geral da Polícia Militar de São Paulo estima que 85% de seus homens tenham um "bico". O efetivo da PM paulista é de 73.112 policiais.
O bico é proibido por duas leis estaduais e pelo regulamento disciplinar da PM, que pune essa infração com advertência ou detenção do policial.
As únicas atividades permitidas para o policial são o magistério e a arbitragem esportiva.
Desde que assumiu o comando, em janeiro de 1995, o coronel Claudinor Lisboa, decidiu não reprimir o bico. Para o comando da PM, os policiais fazem trabalhos extras a fim de complementar o salário recebido na corporação.
Segundo o tenente-coronel Elzio Nagali, da diretoria da comunicação social, a PM não se preocupa com o que seu homem faz durante a folga, exceto se ele trabalhar para contraventores ou criminosos.
Segundo a Associação de Cabos e Soldados da PM, o bico é um mal necessário por causa dos salários da corporação. A associação conta com 43 mil sócios.

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