São Paulo, sábado, 13 de julho de 1996
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Atílio Stampone traz tango a São Paulo

DANIEL BRAMATTI
DE BUENOS AIRES

O maestro e compositor argentino Atílio Stampone -que se apresenta hoje, no teatro Sérgio Cardoso, como parte da programação do Festival de Inverno de Campos do Jordão- define-se como um explorador das "ilimitadas possibilidades" oferecidas pelo tango.
Em 55 anos de carreira, ele explorou o tango tradicional, fez experimentos vanguardistas com Astor Piazzolla, dirigiu sinfônicas, compôs trilhas sonoras e adaptou obras para balé. Nos anos 70, começou a incorporar ao gênero elementos de jazz e música erudita.
"As pessoas queriam escutar tango, e não apenas dançar tango. Isso nos deu uma grande liberdade para explorar novas cadências, solos mais extensos e formações como quinteto de cordas, cello e piano, quarteto de cordas e outras", disse o músico à Folha.
Pianista desde os 15 anos, o maestro conheceu Piazzolla aos 17. "Tive muita sorte. Ele me estimulou a continuar estudando piano e em 46 me convidou para tocar com sua Orquestra Típica."
A união foi interrompida em 1950, quando Stampone ganhou uma bolsa para estudar no Conservatório Santa Cecília, em Roma. Depois de dois anos na Europa, voltou a Buenos Aires e formou a Orquestra Stampone e Federico (com Leopoldo Federico).
Simultaneamente, tocava piano no Octeto Buenos Aires, de Piazzolla. "O grupo marcou uma etapa na história do tango, por causa da ousadia dos arranjos e da incorporação de uma guitarra elétrica", afirma.
Em 1958, Stampone começou a fazer música para filmes como "A História Oficial".
Brasil Influenciado por Ravel e Bill Evans, Stampone considera Tom Jobim "o melhor compositor da América nos últimos 50 anos". "Tom Jobim incorporava a linguagem do jazz sem eliminar a essência da música brasileira. É o que tentamos fazer com o tango."
Com 70 anos de idade, o maestro participou da gravação de "60 ou 70" discos. Entre os mais representativos, ele cita "Homenaje al Amigo", "Vivencias", "Jaque-Mate" e "A Mis Maestros".
No Brasil, onde não se apresenta há dois anos, Stampone tocará piano acompanhado de um quinteto de cordas, bandoneon e guitarra elétrica.
O público poderá ouvir a recém-gravada "Concertango", obra em três movimentos, além de clássicos como "La casita de mis viejos" e "La milonga triste".

Concerto: Atílio Stampone
Onde: em SP, no teatro Sérgio Cardoso (r. Rui Barbosa, 153, tel. 011/251-5122); em Campos do Jordão, no auditório Claudio Santoro (av. Arrobas Martins, 1.880, tel. 0122/63-2334)
Quando: hoje, às 21h (SP), e amanhã, às 19h30 (Campos)
Quanto: R$ 10 a R$ 15

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