São Paulo, sábado, 13 de julho de 1996
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COMPROMETENDO O FUTURO

A aposentadoria precoce de professores de universidades públicas, assim como, de maneira geral, de funcionários públicos, não é condenável apenas como privilégio. Como lembrou a professora Eunice Ribeiro Durham em recente artigo publicado nesta Folha, os gastos com aposentadorias integrais e antecipadas estão consumindo parcela cada vez maior dos orçamentos universitários.
Não se trata de afirmar generalizadamente que a carreira acadêmica seja privilegiada -profissionais com qualificação similar ou mesmo inferior têm rendimentos frequentemente maiores em empresas privadas. Trata-se, isto sim, de corrigir uma distorção prejudicial aos objetivos mesmos da universidade.
Sob o aspecto econômico, o custo desses benefícios especiais constrange os investimentos e a boa manutenção das instituições. Do ponto de vista acadêmico, a aposentadoria precoce contribui para que os centros de pesquisa percam mais cedo seus melhores quadros. Afastando-se em plena atividade, professores no topo de carreira muitas vezes deslocam-se para faculdades privadas, de modo a acumular à aposentadoria um novo salário.
Como as verbas totais para a pesquisa e o ensino de 3º grau são limitadas, é evidente que o pagamento de aposentadorias disputa os mesmos recursos que poderiam, diferentemente, servir para a valorização dos professores na ativa e a melhoria do suporte material à investigação científica e à produção do conhecimento.
Em vez de proporcionar ao professor universitário um estímulo econômico para aposentar-se precocemente, seria não só mais justo como melhor sob todos os aspectos valorizá-lo enquanto está trabalhando e mantê-lo na ativa pelo mesmo período que qualquer pessoa.
A trajetória atual, porém, encontra-se na direção oposta. O crescimento dos gastos com inativos pode conduzir as universidades a uma situação de insolvência, que levaria à deterioração salarial e material. Em vez de favorecer a excelência, promove-se o rebaixamento da qualidade.

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