São Paulo, domingo, 14 de julho de 1996 |
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Mosquitos podem transmitir Ébola
JOSÉ REIS
A carne dos animais selvagens é muito apreciada pelos nativos da floresta úmida africana, e o encontro do animal morto foi celebrado com um verdadeiro festim. Resultado: dos que transportaram, esfolaram e manipularam o animal, quase todos adoeceram em uma semana e morreram com uma febre hemorrágica característica, sangrando pelos olhos, boca, ouvidos e outras cavidades. O Ébola atacava de novo. Pela terceira vez em 12 meses, um dos mais mortíferos agentes patogênicos emergia da floresta africana, o que mostra como é terrivelmente comum o vírus na África. Logo acorreram especialistas da Organização Mundial de Saúde e peritos locais para tentar conter a epidemia e ao mesmo tempo aumentar seu conhecimento sobre a doença que matara 245 pessoas no ano anterior em Kikwikt (Zaire). Pensam alguns especialistas que a doença foi transmitida por chimpanzés e outros animais da selva. A observação do ocorrido no Gabão torna muito provável essa hipótese. Que papel desempenharia o chimpanzé? Sendo tão sensível como o homem ao vírus Ébola, não se poderia pensar nele como reservatório de vírus -animal que abriga o vírus sem adoecer ou morrer. Começaram os especialistas a procurar possíveis reservatórios de Ébola e para isso capturaram e cortaram em finas secções milhares de artrópodes e pequenos animais, como roedores. Os cortes foram enviados a laboratórios centrais, mas a pesquisa deu em nada. Então os peritos imaginaram pesquisar a floresta da Costa do Marfim, onde o vírus vem atacando os animais desde 1993. Planejaram construir plataformas na copa da floresta para aí tentar capturar o maior número possível de animais, com o propósito de descobrir talvez a fonte e os transmissores da doença. Os mais prováveis transmissores são os mosquitos. Enquanto isso, as autoridades locais tratam de alertar o público: não tocar em bicho morto e matar todos os animais que apresentem comportamento estranho. O noticiário sobre o recente surto de Ébola no Gabão foi colhido na revista "Time". Texto Anterior: DEMÊNCIA; COLESTEROL; A PALAVRA; SUPERGRAMA; CLIMA; BIOÉTICA; NEUROPSICOLOGIA; MEDICINA Próximo Texto: Por que sentimos frio após a anestesia geral? Índice |
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