São Paulo, segunda-feira, 15 de julho de 1996
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Parque Villa-Lobos é abandonado

MARCELO RUBENS PAIVA
ESPECIAL PARA A FOLHA

Inaugurado com toda a pompa em dezembro de 1994, o parque Villa-Lobos, na marginal Pinheiros, zona oeste de São Paulo, encontra-se abandonado.
O parque foi uma das últimas inaugurações do governo Fleury e foi entregue à população pela metade. A indenização pela desapropriação do terreno ainda não foi pega pelo governo, que, de acordo com o Superior Tribunal Federal, deve R$ 850 milhões ao antigo dono (leia texto nesta página).
Aquele que prometia ser o maior "parque interativo" da cidade de São Paulo sofre um processo de deterioração há seis meses, quando expirou o contrato com a empreiteira responsável pela obra.
Os bebedouros foram arrancados, as quadras de basquete não têm tabelas e o lixo se acumula.
Nos banheiros, um papel escrito a mão e assinado pela "administração" avisa: "Os sanitários estarão fechados, pois foram arrancados os canos." Não há vigilância. A Folha constatou que, às 2h da última quarta-feira, os portões do parque estavam escancarados.
"Antigamente, era mais bonito, tinha mais gente. Quebraram tudo. Não tem nem água", diz Cássio Conti, 15, frequentador do parque.
"Têm placas que dizem: 'preserve o verde. Que verde? Só tem mato", declara Luís Fernando, 17.
"Não tem banheiro, e não sabemos para quem reclamar. Já vi gente levando mudas dos viveiros", diz Ione Iara, comerciante.
"Não tem luz, nem policiamento. Antes, ficava um carro da Polícia Militar de plantão", diz Fabiano Neves, 26, publicitário.
Na última quinta-feira, apenas dois funcionários estavam no local, para uma área de 717 mil m², dos quais 350 mil estão abertos ao público -com seis quadras poliesportivas, um campo de futebol, playground e viveiro de plantas.
O parque é mantido pelo Daee (Departamento de Águas e Energia Elétrica), órgão estadual subordinado à Secretaria de Recursos Hídricos, Saneamento e Obras.
Limpeza
Segundo funcionários do Daee no local, que se identificaram como Osmar e Fernando, a limpeza do parque é feita apenas às segundas-feiras por dois "varredores".
Os funcionários, apesar de estarem no prédio da administração, disseram que "não há ninguém para administrar o parque, pois oficialmente não é um parque, mas uma obra".
José Luiz Penna, presidente da Associação de Amigos do Parque Villa-Lobos, disse que, apesar do vandalismo, há boa vontade do governo estadual.
"Ontem, nós, com nossos recursos, procuramos limpar o parque. É uma grande lição para a comunidade. A sociedade civil tem de se organizar, e não esperar tudo do Estado", diz Penna.

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