São Paulo, terça-feira, 16 de julho de 1996 |
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Incêndio em cortiço mata família
DA REPORTAGEM LOCAL Um incêndio destruiu totalmente um cortiço no bairro da Bela Vista (região central), na madrugada de ontem, matando três pessoas e ferindo uma.A desempregada Maria Cândida Correa da Cruz, 25, grávida de dois meses, e suas filhas Maria Estela, 2, e Mariana, 8 meses, morreram por queimaduras generalizadas. O garoto Bruno Souza dos Santos, 9, teve queimaduras em 75% do corpo e continuava internado na UTI pediátrica do Hospital do Servidor Público Municipal, na noite de ontem. As vítimas moravam com outras 30 pessoas em um cortiço na rua Lettière. O local estava interditado pelo Contru (Departamento de Controle do Uso de Imóveis) desde 22 de abril. O incêndio começou por volta da meia-noite e, segundo testemunhas, foi provocado por "Dê", ex-namorado de Fernanda Souza Leandra da Silva, 16, uma das moradoras do cortiço. "Ele estava bêbado de pinga e havia brigado com um dos vizinhos, o Guaraúna", contou Fernanda, que namorou Dê por um mês. "Ele jogou um pote de metanol no chão e 'tacou' o isqueiro em cima", disse. Dê está foragido desde a madrugada. Se ele tiver provocado o incêndio por causa da ex-namorada, terá subido para 15 o número de mortes decorrentes de crimes passionais na Grande São Paulo, desde a última segunda-feira. Pânico O fogo se espalhou pelo casarão de 12 quartos, e muitos moradores se atiraram pelas janelas. O proprietário do cortiço, o eletricista Josessi Gomes de Almeida, 46, afirma que já havia pedido para que os moradores desocupassem a casa. "Como é tudo gente pobre, não quis jogar na rua de modo brutal", conta. Segundo ele, houve um incêndio no cortiço em 89, quando morreram três travestis. Segundo a Prefeitura de São Paulo, há na cidade cerca de 23 mil cortiços, onde moram 500 mil pessoas. O diretor do Contru, Antônio Luiz de Paiva Brito, 42, informou que o órgão não tem autoridade para remover pessoas de suas casas. Ele lembra que o incêndio teve características semelhantes ao ocorrido na favela Heliópolis (zona sul), em 17 de junho, no qual morreram quatro pessoas, e 60 se feriram. Texto Anterior: Ocorrência diminuiu no Rio Próximo Texto: Fábrica é destruída Índice |
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