São Paulo, quinta-feira, 18 de julho de 1996
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LONGE DO FUTURO

A percepção de tempo e ritmo na economia não é simples. Em cada setor o mistério é diferente, em nenhum ele se resolve totalmente. Do agricultor que precisa decidir o que e quanto plantar com enorme antecedência ao especulador que tenta adivinhar o percurso das ações nas Bolsas, decidir é quase sempre algo muito próximo de apostar.
Hoje, na economia brasileira, a aposta mais arriscada tem por referência o crescimento econômico. Logo depois da estabilização, muitos apostaram alto numa fase prolongada de mercados generosos e atividade febril. Aquele futuro, entretanto, converteu-se nessa crise de crédito que custa a passar.
A insolvência na cidade de São Paulo, por exemplo, voltou a crescer na primeira quinzena de julho, depois de uma fase em que novamente se alimentavam expectativas de recuperação da economia.
O número de concordatas decretadas (12) na primeira quinzena deste mês e a estabilização da inadimplência em níveis bastante elevados (segundo a Associação Comercial, foram 105.401 carnês em atraso de mais de 30 dias na primeira quinzena, pouco mais de 7% acima do mês anterior) continuam atuando como fatores de desestímulo. Para Emílio Alfieri, economista da Associação Comercial, "esses dados preocupam porque colocam em dúvida a recuperação da economia".
Entre julho de 1995 e o mês passado, foram protestados cerca de 9 milhões de títulos em cartórios de todo o país. No primeiro ano do real, este número havia sido de 6,5 milhões.
A economia superinflacionária parece cada vez mais uma coisa do passado. O futuro, entretanto, que depende de um crescimento sustentado, ainda está muito mais longe do que o que seria desejável.

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