São Paulo, quinta-feira, 18 de julho de 1996
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NÃO FOI PARA O LESTE

Por mais que a América Latina e o Brasil tenham de fato imensos desafios pela frente, tanto na área econômica como na social, às vezes a realidade surpreende positivamente. Quando do desmoronamento do bloco soviético, não faltou quem previsse um desvio de investimentos em direção ao Leste Europeu, o que prejudicaria em muito a América de fala espanhola e portuguesa.
Recentes dados da OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico) mostram, entretanto, que, além das naturais dificuldades da transição para economias de mercado, as nações daquela região têm recebido menos investimentos externos do que o esperado. O Brasil e outros países latino-americanos, de outra parte, recuperaram-se de maneira bastante rápida da crise mexicana, desencadeada em dezembro de 1994.
As informações sobre 1995 ainda não foram consolidadas, mas a OCDE informa que, em 94, os 22 países do Leste Europeu, incluindo a antiga União Soviética, registraram queda no afluxo de recursos externos. Eles totalizaram então US$ 18,1 bilhões, contra US$ 31 bilhões em 92 e 25,7 bilhões em 93. No Brasil, entraram US$ 21,7 bilhões nos últimos 12 meses. Por mais que hoje se discuta o custo possivelmente desnecessário de reservas talvez excessivas, trata-se de situação muito mais confortável que a da Europa do Leste.
Note-se, ademais, que, do montante que os antigos países comunistas receberam em 1994, apenas 3,3 bilhões provieram de empresas estrangeiras. Como parâmetro para comparação, a OCDE indica que, no mesmo ano, os investimentos privados na China (que em tese continua comunista) foram da ordem de US$ 35 bilhões, quase 11 vezes mais.
Entre os chamados mercados emergentes, a Ásia segue na dianteira. Mas não se deve ignorar o avanço do Brasil. Um mundo globalizado submete os países a duras avaliações. É preciso reconhecer o que aqui já se conquistou.

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