São Paulo, domingo, 21 de julho de 1996
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Empresas traçam planos para o celular privado

ELVIRA LOBATO
DA REPORTAGEM LOCAL

Três companhias telefônicas brasileiras, que não fazem parte do Sistema Telebrás, estão se preparando para entrar na disputa para a compra de concessões para o serviço celular privado.
Ao contrário das 26 subsidiárias da Telebrás, para as quais a quebra do monopólio das telecomunicações é uma ameaça a seus mercados, estas três companhias vêem os leilões como a grande chance de crescimento.
A Ceterp (telefônica municipal de Ribeirão Preto, interior de São Paulo), Sercomtel (Serviço de Comunicação de Londrina, interior do Paraná) e a Companhia de Telefones do Brasil Central (do Triângulo Mineiro, Minas Gerais) estão fechando negociações para participar de consórcios com empresas privadas tanto nacionais como estrangeiras.
Lei
A lei que autoriza a União a vender as concessões foi aprovada pelo Senado na quinta-feira passada e foi sancionada pelo presidente Fernando Henrique Cardoso no dia seguinte.
O ministro Sérgio Motta, das Comunicações, já colocou em discussão pública o conjunto de normas que vão reger a disputa.
A previsão é que os editais de concorrência deverão chegar ao mercado em setembro deste ano. Agora, a corrida é para valer.
As três empresas gostariam, mas não deverão disputar concessões nos Estados nos quais já estão instaladas.
Como elas já exploram o serviço na chamada "Banda A" (mesma faixa de frequência usada pelas estatais), não poderão ocupar também a "Banda B" (faixa reservada para as empresas privadas), porque teriam monopólio de mercado em suas áreas atuais.
Parcerias
O Sercomtel, segundo informa seu diretor Wagner Campanelli, já fechou parceria com a Millicon (Luxemburgo), com a Portugal Telecom e com um grupo de empresários do norte do Brasil.
A empresa pretende disputar a concessão do setor na área formada pelos Estados de Amazonas, Roraima, Amapá, Pará e Maranhão.
O Sercomtel terá uma participação de 20% no consórcio, a Millicon e a Portugal terão 15%, cada uma, enquanto os empresários locais participarão com 50% do capital.
Antes de se aventurar em buscar novos mercados, a empresa cuidou de aumentar a oferta de celulares em sua própria área de concessão.
A empresa foi a primeira telefônica do país a adquirir a tecnologia do celular digital. Segundo Campanelli, o sistema permite à empresa dobrar o número de assinantes, passando dos 30 mil atuais para 60 mil usuários.
Em Londrina, ao contrário do que ocorre no resto do país, não há fila de espera para a compra de um celular. A habilitação do aparelho é feita em 24 horas.
A telefônica de Ribeirão Preto ainda não oferece instalação imediata, mas já encomendou equipamentos para atender mais 40 mil assinantes até o final do ano.
O município, de 550 mil habitantes, tem uma das maiores rendas per capita do país (cerca de US$ 7.500 por ano). Já possui 40 mil assinantes de celular e há mais 30 mil candidatos na fila de espera.
O presidente da Ceterp, Wagner Quirici, disse que a empresa ainda não definiu o consórcio ao qual irá aderir, mas adiantou que sua participação nos leilões já está decidida.
Empresa privada
Situação semelhante ocorre com o grupo ABC Algar, de Uberlândia (MG), proprietário da única telefônica privada do país: a Companhia de Telefones do Brasil Central.
Em recente entrevista à Folha, o presidente do grupo, Luiz Garcia, disse que o ABC Algar disputará as concessões através da holding Lightel, criada para comandar os negócios em telefonia e em TV paga por cabo.
O grupo ainda está discutindo a formação de um consórcio. As negociações vêm se arrastando há vários meses. A explicação é que a ABC Algar faz questão de ter o controle da operação de telefonia celular.

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