São Paulo, domingo, 21 de julho de 1996
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A equação da reeleição

FERNANDO RODRIGUES

Brasília - Fernando Henrique Cardoso terá de resolver uma equação complexa para conquistar o direito de ficar mais quatro anos no cargo.
O plano de ação tem duas fases óbvias. Primeiro, a aprovação da emenda constitucional que dará a FHC o direito de concorrer em 98. Depois, a reeleição propriamente.
O problema é o tempo que vai passar entre uma fase e outra. E como vai se comportar a principal moeda eleitoral de FHC, o Plano Real.
Do núcleo do governo tucano, é possível captar três fórmulas principais que são hoje consideradas para solucionar a equação da reeleição:
1) Emenda em 96 e 97 - se José Serra vencer a eleição para a Prefeitura de São Paulo, o governo deve tentar aprovar a emenda da reeleição na Câmara no final deste ano. A idéia seria entrar no vácuo positivo criado pela eventual vitória paulistana.
Esse cenário, o preferido dos tucanos, pressupõe que o Senado tenha condições de aprovar a emenda logo no início de 97. Nesse período, a economia já estaria estourando de tanto crescimento.
Com a emenda da reeleição aprovada, a equipe econômica teria sinal verde para frear o crescimento. Uma sensação recessiva surgiria. O juro fica alto e o câmbio corrigido.
2) Emenda só em 98 - Serra perde. FHC fica sem clima para encaminhar a reeleição neste ano. Nesse cenário, considerado de alto risco pelo governo, FHC corrigiria a economia ao longo de 97. A inflação ficaria baixa e o crescimento voltaria com força só em 98. A emenda da reeleição ficaria também para 98, o ano da sucessão.
3) Emenda em 96 e 98 - nesse cenário, Serra vence em São Paulo. A Câmara conseguiria aprovar a emenda até o final do ano. Mas não sobraria tempo para o Senado concluir o trabalho no primeiro semestre de 97.
A economia teria de ser rapidamente recolocada nos trilhos. As ações corretivas postergariam a decisão final do Senado para 98.
Disso tudo, só uma coisa é certa: o governo terá de corrigir o Plano Real.

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