São Paulo, domingo, 21 de julho de 1996
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Colecionadores dizem que impacto foi maior em 86

LUCIANO SOMENZARI
DA REPORTAGEM LOCAL

Pela segunda vez, o Fusca deixou a cena automobilística nacional. Para os colecionadores e amantes do modelo, o mito Volkswagen nunca saiu do imaginário popular.
Os aficionados pelo "besouro" dizem que, em novembro de 1986, quando o modelo saiu de linha pela primeira vez, o impacto foi muito maior. Diferentemente de hoje, naquela época não houve um programa de morte anunciado.
No projeto do relançamento do Fusca, em agosto de 1993, havia prazo definido de três anos para a sobrevida do modelo.
A Volkswagen terminou de cumpri-lo no último dia do mês passado, comercializando o carro aproximadamente R$ 1.200 mais caro do que há dez anos (leia texto).
Acervos
A despeito dos contratempos, os colecionadores do Fusca continuam a aumentar cada vez mais seus acervos. Muitos nem sabem dizer por que iniciaram a coleção.
O mecânico de automóveis Guido Jair Ferrari, 49, mantém um galpão em São Miguel Paulista (zona leste de São Paulo), onde há dez versões diferentes do modelo.
Entre elas, um modelo 65 com teto solar, um 59 conversível, além de outros produzidos em 53 e 70.
"O Fusca é um carro resistente, quase não dá problemas, ao contrário dos carros descartáveis produzidos a partir de 1980."
O comerciante Francisco Varca Júnior, 43, orgulha-se de sua coleção de 658 miniaturas -e dos outros objetos que se relacionam ao Fusca, que somam mais de 1.300.
Série Ouro
O critério de Varca é bastante amplo. Além de seis Fusca de verdade, há em sua coleção chaveiros, porta-lápis, gravatas, suportes de papel higiênico, prendedores de cabelos, canetas, entre outros objetos inspirados no carro.
Ele acabou de comprar uma unidade da série Ouro, a última produzida pela VW. "Quando chegar ao Brasil o que estão chamando de Fusca do futuro, vou comprar."
Ele se refere aos protótipos do Concept 1, um modelo de tecnologia mais avançada e com linhas inspiradas no Fusca, que já está rodando na Europa e deverá estar à venda antes do final do século.
Outro aficionado por miniaturas é o engenheiro eletrotécnico Alexander Gromow, 49, presidente do Clube do Fusca.
Constam de seu acervo quase 500 peças, incluindo vários objetos relacionados ao Fusca.
Quanto ao modelo, Gromow tem opinião parecida com a de seus colegas colecionadores.
"É robusto, confiável e continua perfeitamente válido para países do Terceiro Mundo."
Definições
O comerciante Wagner Sierra, 38, é dono de dois Fusca e de mais de 300 miniaturas. Ele tem duas opiniões bem particulares a respeito do "besouro".
A primeira: "O primeiro Fusca é como a primeira namorada, a gente nunca esquece".
A segunda: "O Fusca parece o Pelé; sempre se despede, mas nunca sai do campo".

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