São Paulo, segunda-feira, 22 de julho de 1996
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Covas acelera entrega de casas em SP

FÁBIO SANCHEZ
DA REPORTAGEM LOCAL

O governador Mário Covas (PSDB) pretende entregar nos últimos meses do ano eleitoral uma média de casas populares dez vezes maior do que entregou na capital nos seus 18 meses de governo.
Segundo a Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano do Estado (CDHU), serão entregues a partir deste mês 5.502 habitações populares na cidade de São Paulo. Esse número é cinco vezes mais do que foi entregue durante todo o ano passado.
Esses números já estão sendo utilizados por aliados do candidato a prefeito José Serra (PSDB), apoiado por Covas. Eles estão preocupados com a divulgação feita pelo prefeito Paulo Maluf em favor de seu candidato, Celso Pitta (PPB), relacionando-o ao projeto Cingapura, pelo qual a prefeitura constrói habitações populares.
Motta
O ministro das Comunicações, Sérgio Motta, que tem se encarregado de criticar os adversários de Serra, baseou-se nas obras de Covas para criticar o Cingapura, após a solenidade de posse do secretário estadual de Agricultura, Francisco Graziano, na sexta-feira.
Para Motta, o Cingapura "não é desinteressante, mas o Maluf o transformou num engodo popular": "Covas já deve ter feito na capital o triplo do que fez o Maluf."
O presidente da CDHU, Goro Hama, encomendou aos técnicos do órgão um estudo no qual compara as realizações do governo estadual na cidade com as que foram feitas pelo projeto Cingapura.
"Demos um salto monumental", afirmou Hama.
Ele disse que o aumento do volume de obras deve-se ao enxugamento do quadro de funcionários e de despesas da CDHU e à economia de R$ 55 milhões na negociação do pagamento de uma desapropriação na cidade de Arujá.
TCE
O TCE (Tribunal de Contas do Estado), entretanto, analisa um processo na qual verificou que o governo Covas chegou a juntar pelo menos até o primeiro trimestre deste ano cerca de R$ 500 milhões em recursos, que deixou aplicados no mercado financeiro.
A CDHU explica que não utilizou esse dinheiro em obras porque estaria revendo alguns contratos. Goro Hama garante que o aumento do volume de obras nos meses que antecedem as eleições municipais são uma coincidência.
"Não podemos parar o nosso cronograma só porque as eleições chegaram", disse Hama.
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Poucos acreditam nessa coincidência. "As obras em habitação são a única coisa que o governo pode mostrar nesse ano eleitoral", diz Paulo Godoy, presidente da Associação Paulista de Empresários de Obras Públicas (Apeop).
Para Godoy, isso ocorre por que o Estado é obrigado a gastar em habitação 1% do que arrecada com o ICMS. Para 1996, o orçamento da CDHU é de R$ 680 milhões.
Além disso, o governo começou neste mês uma ofensiva publicitária. Segundo Hama, a CDHU já gastou R$ 800 mil em divulgação. "Nós precisávamos começar a mostrar o que estamos fazendo. O Cingapura parece cenário de cinema. Só tem fachada", diz Hama.

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