São Paulo, segunda-feira, 22 de julho de 1996![]() |
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Chandralekha debate valores com a dança
ANA FRANCISCA PONZIO
Pioneira da nova dança indiana, Chandralekha recusou valores tradicionais de seus país, como a religiosidade e o patriarcado. Dos preceitos clássicos da dança indiana, conservou apenas a sensualidade e os movimentos fundamentais. "Contar histórias de deuses é uma imitação falsa. É essencial resgatar os valores fundamentais capazes de nos revelar o verdadeiro significado da dança", diz. A seguir, trechos da entrevista concedida por Chandralekha, que falou à Folha por telefone de Madras, cidade indiana onde nasceu e vive até hoje. * Folha - Por que você resolveu contestar os valores patriarcais de sua cultura? Chandralekha - Ainda vivemos em uma estrutura patriarcal onde todas as decisões são tomadas por homens e, obviamente, eles estão nos levando ao desastre. Na verdade, o que eu contesto é o conceito de poder. Quando me refiro a patriarcalismo não estou falando sobre homens, mas sobre a estrutura patriarcal. Acho que tais estruturas e hierarquias fazem da mulher um ser subordinado e é isto que temos de questionar. Não acredito em igualdade nos relacionamentos. Creio que as mulheres são primordiais por natureza. Acredito na primazia das mulheres. Folha - Você se considera uma feminista? Chandralekha - Simplesmente apóio as mulheres, não acho que eu seja uma feminista. Sou uma dançarina e vivo como alguém que tem preocupações sobre tudo o que acontece ao seu redor. Folha - Qual o seu conceito sobre tradição? Chandralekha - Para mim, tradição é algo que flui constantemente. Não é uma coisa estática, que possa ser congelada. Folha - Seus encontros com coreógrafos modernos ocidentais, como o norte-americano Merce Cunningham e a alemã Susanne Linke, exerceram influências em sua dança? Chandralekha - A dança ocidental não está presente em minha dança. Cunningham e Susanne foram pessoas com as quais me relacionei e deles guardei apenas influências humanas. Admiro em Cunningham a maneira como ele se relacionou artisticamente com John Cage e ainda, hoje, como realiza parcerias com pintores, arquitetos, músicos. Susanne também pensa a dança de forma muito especial. O que há em comum entre todos nós é a abordagem diferente de cada um, o pensamento próprio que cada um tem sobre arte. Texto Anterior: Exposição em NY revive a guerra civil Próximo Texto: Coreografia discute idéia de tempo não linear Índice |
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