São Paulo, segunda-feira, 22 de julho de 1996
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"Riverdance" conquista com modernidade e tradição céltica

ANA FRANCISCA PONZIO
ESPECIAL PARA A FOLHA, EM LONDRES

Pelo menos no palco do Labatt's Apolo, a Irlanda está em alta. Neste imenso teatro situado no bairro londrino de Hammersmith, o espetáculo "Riverdance" vem atraindo multidões.
Sucesso absoluto desde sua estréia em Dublin, em 1994, "Riverdance" está de volta pela segunda vez à capital inglesa, depois de já ter sido ovacionado em Nova York.
Tanta euforia em torno desde musical anti-convencional vem despertando suposições de que a cultura irlandesa volta a atrair atenções depois de já ter produzido nomes como Bernard Shaw, James Joyce, Van Morrison, U2 e Bob Geldof.
Fusão de dança, música e canções célticas, "Riverdance" já foi transformado em vídeo, que vendeu 1,8 milhão de cópias. Somente na Grã-Bretanha foram vendidos 200 mil discos com a trilha sonora do espetáculo.
Tradição e modernidade caminham juntas em "Riverdance". Entre músicos, cantores e bailarinos, o espetáculo reúne 80 integrantes.
Um dos pontos fortes é a participação do grupo Anúna, que usa a voz no lugar de instrumentos musicais. Fundado em 1989 pelo compositor dublinense Michael McGlynn, este conjunto coral resgata canções célticas acrescentando-lhes uma releitura moderna.
Artistas como Sting, Elvis Costello e Sinéad O'Connor já se valeram dos efeitos vocais espetaculares do Anúna em suas gravações.
Para completar o tom étnico, "Riverdance" ainda conta com uma orquestra que inclui instrumentos como a gaita de foles.
Nas coreografias também há um entrelaçamento de passado e presente. Transpondo antigas danças irlandesas para o formato do musical moderno, "Riverdance" provoca confluências entre a energia do rock e o vigor inerente ao folclore.
Tendo o sapateado como base, as danças irlandesas conseguem, facilmente, eletrizar o público. Originadas no século 18, com o tempo ganharam influências dos imigrantes norte-americanos, que levaram para a Irlanda as danças de tamancos dos Apalaches.
Sem um roteiro linear, "Riverdance" se compõe de climas que, no início, invocam um mundo primordial, antes do advento da palavra e da escrita.
No cenário de fundo, uma imensa tela projeta imagens de forças elementares, como fogo, gelo, água, ouro, trovão, sol e luz lunar, que integra a mitologia celta. "Ainda não recebemos convites para dançar no Brasil, mas estamos abertos para apresentar 'Riverdance' em todos os lugares do mundo", disse Moya Doherty, produtora do espetáculo.
"O tema lunar reflete a ligação mística cultivada pelos celtas antigos, um povo civilizado, que deixou marcas sobre a linguagem e a cultura da Irlanda."
(AFP)

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