São Paulo, segunda-feira, 22 de julho de 1996
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Dois brasileiros tiram som de latas e sucatas em "Stomp"

ANA FRANCISCA PONZIO
ESPECIAL PARA A FOLHA

O elenco do espetáculo "Stomp", que o grupo Yes/No People apresenta em São Paulo entre os dias 12 e 18 de agosto, inclui dois brasileiros, Maria Emília e Davi Vieira, um baiano que ingressou na companhia em 1994.
"Naquele ano, o grupo realizou uma audição em Nova York. Precisavam de oito integrantes, apareceram 500 candidatos e eu fui um dos escolhidos", disse Vieira à Folha, por telefone, de Montreal.
Formado em 1986 pelos ingleses Luke Cresswell e Steve McNicholas, o Yes/No People é uma banda dançante que hoje, além do elenco sediado em Londres, possui outro em Nova York.
Isto porque o sucesso internacional do espetáculo "Stomp", criado em 1991, exigiu que o grupo formasse novas ramificações. É o elenco norte-americano que apresentará no Brasil a mistura de percussão e comédia visual que se transformou em fenômeno de bilheterias.
Encenado num cenário de sucata urbana, "Stomp" explora a magia do ritmo, obtido através de instrumentos de percussão feitos com materiais como latas de lixo, vassouras, tubos de borracha, pias de cozinha, aros de automóveis.
Segundo Vieira, será fácil para o público brasileiro reconhecer sons familiares. Como as batidas em caixas de fósforos e o samba reggae introduzido por Vieira no final do espetáculo.
"Os diretores dão certa liberdade para cada intérprete colocar sua marca no espetáculo. Aproveito para mostrar toda a liberdade do suingue brasileiro", diz.
"Tocar em latas de lixo, por exemplo, fez parte da minha infância. Havia até concursos dos garotos de uma rua contra os de outra rua e, naquela época, não imaginava que um dia estaria tocando lata de lixo profissionalmente."
Hoje com 27 anos, Vieira nasceu no bairro de Liberdade, em Salvador, onde aprendeu capoeira e percussão.
Como integrante da companhia Brasil Tropical, Vieira foi para a Europa aos 18 anos. Em 1990, mudou-se para Nova York, onde formou uma banda chamada Yakerê. "Tocávamos percussão e participamos de festivais de jazz em Louisiana e Seattle."
Para Vieira, o melhor momento de "Stomp" é o quadro "Suspension", em que dois rapazes pendurados em correntes procuram escalar uma parede feita de material sucateado, como latas e baldes. Vieira acha que o sucesso de "Stomp" deve-se à surpresa causada pela música extraída de materiais inusitados.
"Usamos, por exemplo, tubos de borracha cortados em diferentes tamanhos, sendo que cada um produz um som diferente."
(AFP)

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