São Paulo, segunda-feira, 22 de julho de 1996
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Voto útil

VALDO CRUZ

Brasília - No tempo em que José Serra relutava em disputar a Prefeitura de São Paulo, o presidente Fernando Henrique Cardoso costumava desabafar com amigos: "Estamos condenados a votar na Erundina".
Sem um candidato de peso, o governo dava como certo que o PSDB não chegaria ao segundo turno em São Paulo. Aí, para derrotar o inimigo Paulo Celso Pitta Maluf, o melhor caminho seria apostar na candidata do PT.
Serra acabou cedendo e se lançou candidato. A cúpula tucana respirou aliviada. Só que o senador paulista não decolou até agora.
Apesar de acreditarem que ainda há tempo para uma reação, alguns assessores de FHC voltaram a discutir a hipótese Luiza Erundina.
Em primeiro lugar nas pesquisas, a petista pode acabar se beneficiando do "voto útil" no segundo turno. Tudo por causa da reeleição presidencial.
Tucanos e malufistas estão dispostos a fazer de tudo para não perder em São Paulo, mesmo que isso signifique votar em Luiza Erundina no segundo turno. Afinal, a disputa em São Paulo é a primeira etapa do jogo da sucessão presidencial.
Vencendo Maluf, o sonho dos tucanos de aprovar a reeleição fica mais distante. Ganhando Serra, fica pavimentado o caminho para FHC ganhar um novo mandato na Presidência.
Petistas avaliam que o melhor adversário para uma disputa final chama-se Celso Pitta. Explicam que os eleitores tucanos podem mudar de voto e apoiar o PT. Mas um malufista dificilmente votaria num candidato petista.
As hipóteses, no entanto, não passam de especulações de momento. Nada está garantido, nem mesmo Erundina no segundo turno.
O certo, agora, é que a eleição deve entrar num compasso de espera até o final da Olimpíada de Atlanta. Até lá, os eleitores vão estar mais preocupados com medalhas do que com discursos de políticos.

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