São Paulo, terça-feira, 23 de julho de 1996
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Torres tenta reforçar a 'tese passional'

ARI CIPOLA

ARI CIPOLA; SAMY CHARANEK
DA AGÊNCIA FOLHA, EM MACEIÓ

Delegado vai usar fato de que PC já não ajudava Suzana financeiramente como um dos motivos do crime

Um mês depois de ter iniciado as investigações do caso mais rumoroso de sua vida policial, o delegado Cícero Torres, 43, disse que "está mais robustecida" a hipótese de que PC Farias morreu com um tiro disparado por sua namorada, Suzana Marcolino, que se suicidou em seguida.
"Colhi 30 depoimentos, consegui o cheque com que Suzana comprou a arma do crime, tenho a perícia local indicando homicídio seguido de suicídio e não tenho nada que vá contra a primeira hipótese levantada por mim", afirmou ontem à Agência Folha.
Torres está empenhado agora em provar um novo componente da motivação do crime, que só entrou no caso graças à quebra do sigilo bancário de Suzana.
O crime, segundo Torres, não foi motivado apenas pelo fato de PC estar terminando o namoro com Suzana. Para o delegado, ela matou PC também porque "tinha esgotado sua fonte financiadora".
Extratos mostram que os depósitos feitos na conta de Suzana na agência de Maceió do Banco Rural foram reduzindo progressivamente à medida em que se aproximava o dia 23 de junho, quando os corpos foram encontrados.
"O ministro da Justiça (Nelson Jobim) poderia estar certo quando afirmou que ninguém mata sua fonte mantenedora. Mas acho que ele não faria a mesma afirmação caso soubesse que a fonte de Suzana havia se esgotado", afirmou.
Os extratos apontam que a conta de Suzana nunca teve depósitos superiores a R$ 4.000 e que o saldo sempre esteve negativo.
A confirmação de que foi realmente homicídio seguido de suicídio só será obtida na próxima semana, quando o delegado disse que vai receber os laudos da perícia do local do crime e da autópsia, que estão sendo finalizados pela equipe do legista Fortunato Badan Palhares, da Unicamp.
O laudo da perícia alagoana descreve como compatível com suicídio a posição em que foi encontrado o corpo de Suzana.
Pelo croqui conseguido com exclusividade pela Agência Folha, Suzana fez o disparo a pouco mais de um metro de distância. Ela estava em pé, à esquerda da cama. PC estava deitado de lado, à direita da cama. Ao ser atingido, virou-se de barriga para cima e abriu os olhos.
Caso a equipe de Palhares discorde da versão da perícia alagoana, as duas ficarão no laudo final, cabendo à investigação policial e ao delegado definir qual a mais correta. "Acho que não haverá discordâncias", afirmou Torres.
Perfil psicológico
O psiquiatra forense Pedro Lana Possas, do Departamento de Medicina Legal da Unicamp, vai a Alagoas para traçar o perfil psicológico de Suzana.
O psiquiatra foi chamado pelo delegado Cícero Torres. Possas viaja hoje às 15h30 para Maceió, onde vai encontrar outros dois integrantes da equipe da Unicamp.

Colaborou Samy Charanek, da Folha Sudeste

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