São Paulo, terça-feira, 23 de julho de 1996 |
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Médicos 'reformam' cara de candidatos
ANDRÉ LOZANO
Já a campanha de seu rival malufista, Celso Pitta (PPB), custaria quase a metade -não passaria de R$ 5.500. A Folha ouviu três cirurgiões plásticos sobre a aparência dos quatro candidatos mais cotados à Prefeitura de São Paulo: o ex-presidente da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica, Aymar Sperli, o diretor científico da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica, José Tariki, e Paulo Zantut, secretário-geral da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica e chefe de cirurgia plástica da Faculdade de Medicina de Santo Amaro. Tariki, que opinou sobre o que poderiam fazer os candidatos, não quis fornecer os preços -"por questões éticas", disse. Sperli, por meio de um programa de computador, especulou como ficariam os candidatos caso se submetessem a plásticas. Erundina Ex-prefeita de São Paulo, Erundina, 60, teria de gastar entre R$ 9.000 e R$ 10.800, segundo Sperli e Zantut. O objetivo do investimento seria abrandar seu olhar "bravo", de acordo com a avaliação do cirurgião Sperli. Celso Loducca, publicitário que coordena a campanha do PT em São Paulo, discorda do médico. "Erundina tem um aspecto muito doce", afirma. Pitta Candidato do prefeito Paulo Maluf, Pitta, 49, mais novo dos concorrentes, é quem está em melhores condições de aparência, aos olhos dos especialistas consultados. Serra e Rossi José Serra (PSDB), 54, obteve o segundo maior orçamento em matéria de cirurgia plástica. O ex-ministro do Planejamento do governo Fernando Henrique Cardoso teria de pagar entre R$ 8.000 e R$ 8.500 para rejuvenescer e eliminar sua expressão de cansado, de acordo com os médicos. O candidato do PDT, Francisco Rossi, 56, gastaria entre R$ 6.000 e R$ 6.500 para, entre outras coisas, fazer cirurgia de extração de bolsas embaixo dos olhos. "O Rossi precisaria de uma lipoescultura de face para melhorar o contorno de seu rosto e, com isso, rejuvenescer", diz Sperli. Marketing político Os responsáveis pelo marketing político dos quatro candidatos divergem sobre o resultado que a transformação do rosto do político em véspera de eleição pode acarretar. Se os candidatos fossem dar ouvidos aos seus orientadores da campanha publicitária, escutariam que a cirurgia plástica, no caso deles, é: "perigosa", "indiferente", "de caráter pessoal" e "não recomendável em véspera de eleição" (leia texto abaixo). A maior preocupação dos coordenadores das campanhas é com a preservação da imagem publicamente conhecida do candidato. "O importante é não se criar uma outra pessoa, desvinculada à imagem pública do candidato", afirma Duda Mendonça, condutor da campanha de Celso Pitta. Carisma O cirurgião Tariki acha que a plástica para o político pode ser supérflua porque, "para o homem público, o carisma é mais importante do que sua imagem estética". Já Zantut acredita que "a vaidade é importante para o político, pois ele trabalha com o público". "É bom que ele tenha uma aparência adequada." Segundo Sperli, os políticos que chegam a procurar os cirurgiões plásticos geralmente pedem a eliminação das bolsas de gordura embaixo dos olhos. Texto Anterior: Tucanos denunciam uso político de recursos Próximo Texto: Publicitários temem operação Índice |
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