São Paulo, terça-feira, 23 de julho de 1996 |
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"Prelúdio" é publicidade
INÁCIO ARAUJO
A série tem importância histórica, em parte pelo que representava para o esforço de guerra: eram filmes de propaganda, cujo objetivo era explicar à população (a começar pelos pracinhas) o motivo do envolvimento dos EUA na Segunda Guerra Mundial. Não era tão simples assim: os EUA vinham de anos de pacifismo. "Prelúdio à Guerra" representa, no mais, um feito no setor de filmes de propaganda, já que é quase todo um filme de montagem. Seu trabalho: mostrar a ascensão dos totalitarismos nos anos 20 e 30, o perigo que representavam para a ideologia da liberdade e seus propósitos sombrios. É óbvio, nessa altura dos acontecimentos, que por totalitários devemos entender os regimes de Berlim, Roma e Tóquio. Ninguém pensa em falar, nem em sonho, dos nossos amigos russos. Talvez o maior achado de Capra seja a imagem de dois mundos paralelos: um é claro e gracioso; o outro, cinza e sinistro. O primeiro é o da liberdade. O segundo, visa impor a escravidão. Dito isso, o encadeamento de imagens -imagens preciosas dos inimigos- é notável e resulta em um esforço de contrapropaganda admirável. Em nenhum momento Capra apela aos sentimentos. Ao contrário, dirige-se à razão para convencer. Procura demonstrar, pelas imagens e falas dos chefes inimigos, que o objetivo do Eixo era fundado sobre a irracionalidade. "Prelúdio à Guerra" é precioso como documento de época, além de mostrar os dotes de publicitário e montador de Capra. Texto Anterior: Vídeos voltam ao Holocausto Próximo Texto: Frieza de 'Destruição' impressiona Índice |
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