São Paulo, terça-feira, 23 de julho de 1996
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

INOPERÂNCIA

Não fosse pelo alarido criado em torno da CPMF (Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira), um tributo vinculado à área de saúde, é provável que o leitor tivesse imensas dificuldades em citar de memória um único ministro do atual governo. Adib Jatene, o titular da saúde, notabilizou-se, justa ou injustamente, pela defesa enfática de um imposto e não de um programa de saúde propriamente dito.
Outros membros do primeiro escalão de FHC ficaram conhecidos menos por suas realizações à frente de seus ministérios e mais por fatos externos a eles. Caso típico foi o do senador José Eduardo de Andrade Vieira (PTB-PR), que apareceu mais no noticiário em função da crise em seu banco, o Bamerindus, que por sua atuação como titular da Agricultura. Sobram exemplos do gênero, levando a uma disseminada imagem de que a equipe FHC é pouco operante.
É claro que se deve considerar a crise financeira do Estado brasileiro. Sem recursos, fica mais difícil mostrar serviço em diversas áreas. Mas é lamentável que, com uma ou outra exceção, os ministros não mostrem criatividade para tocar projetos capazes de contornar a escassez de verbas. Há um campo enorme para parcerias com o setor privado, que permitiriam contornar a falta de recursos públicos para investimentos.
Mesmo no campo político, a sensação de inoperância está difundida. Basta o exemplo da reforma previdenciária. Lançada como uma das prioridades do governo, o seu formato final é tido, entre os próprios governistas, como inócuo do ponto de vista das contas públicas.
O tempo para reparar essa má impressão é escasso. Talvez nenhum, se confirmadas as versões de que haverá uma reforma ministerial após as eleições municipais de outubro.
Por essas razões, poucos acreditam atualmente no resgate da imagem de inoperância que transmitem muitos dos atuais ministros.

Texto Anterior: DIREITA, VOLVER
Próximo Texto: O direito à esperança
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.