São Paulo, quarta-feira, 24 de julho de 1996
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'Bedel' vigia funcionário municipal

ROGÉRIO GENTILE
DA REPORTAGEM LOCAL

A Prefeitura de São Paulo vai colocar "bedéis" para fiscalizar os funcionários públicos do município. Blitze serão realizadas a partir do dia 30 de julho, quando termina a implantação do sistema de ponto eletrônico na prefeitura.
Os fiscais vão checar se os funcionários estão realmente trabalhando ou se o ponto eletrônico, cuja implantação custou cerca de R$ 10,6 milhões, foi, de alguma forma, burlado. Serão realizadas vistorias surpresas nas unidades.
"Com a implantação dessa fiscalização, a prefeitura está admitindo que o sistema é ineficiente. Houve desperdício do dinheiro público", afirmou o vereador José Eduardo Cardozo (PT).
"Qual a vantagem de se instalar o ponto eletrônico se a prefeitura vai continuar precisando dos fiscais para controlar a frequência?", disse o vereador.
Para fazer a fiscalização durante os primeiros três meses, a Secretaria da Administração contratou, por R$ 771 mil, o Instituto Municipal de Ensino Superior de São Caetano do Sul (Imes).
O contrato, estabelecido de forma direta (sem licitação), prevê também o gerenciamento, a avaliação e a verificação técnica do sistema. A dispensa da licitação foi feita com base no artigo 24 da lei 8.666, que faz referência à instituições sem fins lucrativos e de inquestionável reputação ético-profissional.
O Imes já havia sido contratado para ajudar na implantação do sistema, recebendo R$ 808 mil, em oito meses de trabalho.
"Não é uma questão de deficiência do sistema", disse o secretário da Administração, Marcelino Romano Machado. "Hoje, se o diretor da repartição é 'bonzinho', o funcionário passa o cartão e só aparece no final do dia."
O secretário diz que a Imes fará a fiscalização por três meses. "Depois, pretendemos montar uma comissão interna de fiscalização e frequência", disse o secretário.
"Não posso colocar os funcionários da própria prefeitura para iniciar este sistema. Não dá para colega vigiar colega", disse.
O coordenador de projetos do Imes, Gilberto da Silva Antunes, afirma que o instituto possui quase 30 anos de experiência na área de recursos humanos. "O sistema de ponto eletrônico não se resume ao ato de passar o cartão", afirma.
"A fiscalização é importante porque é necessária uma mudança da cultura organizacional", diz.
A prefeitura possui 146.898 funcionários, sendo 29.640 inativos.

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