São Paulo, quinta-feira, 25 de julho de 1996 |
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SUA EXCELÊNCIA A faceta mais importante da blitz empreendida pela Secretaria da Saúde do Rio de Janeiro para averiguar a qualidade dos xampus de cabelo talvez não seja o fato de se terem constatado supostas irregularidades em 30 deles. O mais relevante é que se trata de um dos mais espetaculares indícios de que o Brasil começa a entrar em um tipo de economia em que o consumidor é de fato o rei. Sobre as irregularidades, manda a prudência que se aguarde uma efetiva comprovação, dado que algumas das empresas cujas marcas foram reprovadas contestam as análises. Até poucos anos atrás, o consumidor não reclamava com tanta frequência, nem tampouco as autoridades sentiam-se instigadas a constatar se havia ou não fundamento nas eventuais queixas, fossem quais fossem as mercadorias sob suspeita. Agora já não é assim. Mesmo empresas multinacionais de grande porte -que, aliás, predominam no setor de produtos de higiene e limpeza- tiveram seus produtos colocados sob suspeição. Ainda há poucos anos, por mais que se usasse na teoria o refrão de que "o freguês tem sempre razão", na prática aplicava-se outro critério. E o consumidor frequentemente sentia-se desamparado. Tanto que raramente se animava a queixar-se. Hoje, não. A extrema exacerbação da concorrência faz com que o consumidor não só disponha de grande margem de escolha como se sinta estimulado a reclamar sempre que o produto apresente algum defeito. A consequência inevitável desse processo será o aperfeiçoamento dos controles de qualidade. Empresa alguma há de querer ter seu nome exposto ao público como fabricante de produto defeituoso ou, ainda pior, capaz de provocar danos à saúde, como é a suspeita na atual verificação dos xampus. Ela correria o risco de ser sumariamente expulsa do mercado -e pelo único juiz válido nesse caso: sua excelência, o consumidor. Texto Anterior: POR UM ESTADO ENXUTO Próximo Texto: Enfim, a conta certa Índice |
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