São Paulo, sábado, 27 de julho de 1996
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TRECHO

Olha o incêndio e lhe viera ao espírito uma imagem de Anna incendiada, Anna subindo das chamas de Olinda, a amiga em meio ao clarão, Anna se consumindo de amor, Anna se confundindo com as nuvens, esbraseada, descendo depois para aplacar o queimor nas águas do rio.
E de súbito revia: os banhos no rio, a esplêndida nudez de Anna, que a transparência do Capibaribe não chegava a encobrir.
Dizia-lhe:
- Anna, toma tento, podem te ver.
E Anna:
- És medrosa, Andresa, ninguém nos vê.
Mergulhava, voltava à tona com um sorriso:
- E se alguém estiver olhando que se regale. Também eu gosto de olhar as coisas belas.
- Anna!
- Assim, a amiga.
Dias radiosos aqueles, a adolescência reunindo as duas, à beira-rio, rescendendo a mato e flor, à água perfumada.

extraído de "A Garça mal Ferida", de Luzilá.

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