São Paulo, sábado, 27 de julho de 1996 |
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França aceita governo golpista em Burundi Buyoya quer diálogo com hutus DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS A França e a Bélgica aceitaram tacitamente o governo do major Pierre Buyoya, da minoria tutsi, que tomou o poder no golpe de Estado que derrubou o presidente Sylvestre Ntibantunganya anteontem em Burundi.O embaixador francês em Bujumbura (capital) se reuniu ontem com Buyoya, e disse depois em comunicado que ele "havia sido designado presidente interino para impulsionar o diálogo nacional e a democracia". O chanceler belga, Eric Derycke, afirmou que o tutsi moderado Buyoya é um "mal menor", e pode promover o diálogo com a etnia rival hutu -maioria no país. Nenhum dos países, porém, reconheceu formalmente o governo de Buyoya. Negociação O major Buyoya disse ontem, em sua primeira entrevista coletiva, que está pronto a negociar com guerrilheiros hutus, desde que eles renunciem à violência. "Temos que trazer a democracia de volta, mas não sei quanto vai demorar. Podem ser 12 meses, 18 meses ou mais. Antes de restaurar a democracia, temos que parar o genocídio", disse. Os EUA condenaram o golpe e disseram considerar Ntibantunganya como presidente. O presidente deposto fugiu para a residência do embaixador norte-americano na terça-feira, depois que uma multidão tentou apedrejá-lo durante o funeral de 300 tutsis vítimas de um massacre. A União Européia suspendeu a ajuda econômica a Burundi e pediu às autoridades que respeitem os princípios democráticos. Hutus criticam O Conselho Nacional pela Defesa da Democracia, a maior milícia hutu de Burundi, disse que não aceita o governo de Buyoya e prometeu continuar sua luta até que o Exército "aceite seu papel de subordinado a um governo eleito". Buyoya já governou Burundi entre 1987 e 1993. Em sua gestão, deu voz à maioria étnica hutu, abrindo caminho para eleições livres. Os tutsis são 14% da população de Burundi, mas controlam as Forças Armadas. Desde 1993, estima-se que 150 mil pessoas tenham sido mortas em massacres e confrontos entre as etnias rivais. A composição étnica de Burundi é semelhante à de Ruanda, onde massacres deixaram mais de 1 milhão de mortos durante a guerra civil, em 1994. A comunidade internacional teme que a situação possa se repetir em Burundi. Buyoya convocou jovens tutsis a se alistar no Exército. Testemunhas na capital disseram que o movimento em postos de recrutamento foi intenso ontem. Texto Anterior: Sendero Luminoso busca força política Próximo Texto: Israel fecha a Cisjordânia e exige ação contra radicais Índice |
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