São Paulo, sábado, 27 de julho de 1996
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PRIVILEGIAR A PRODUÇÃO

Aproximando-se o início do rodízio de veículos em São Paulo, vão se evidenciando certas dificuldades que envolvem a iniciativa, na ausência de meios de transporte alternativos tanto para a população quanto para o sistema produtivo. Seria também de se esperar que, em consonância com a percepção dos transtornos que o rodízio pode trazer, os poderes públicos fiscalizassem com maior rigor a emissão de poluentes.
Sob o aspecto da produção, minuta do decreto que regulamenta a limitação ao tráfego de veículos, obtida pela Folha, indica que deverá ser permitida a circulação dos veículos de carga em determinadas ruas e avenidas. A ressalva surge em boa hora.
Alguns problemas, porém, não se restringem apenas ao esquema excepcional que vigorará a partir do próximo dia 5 de agosto. Perduram no Estado injustificáveis restrições à circulação de caminhões em avenidas como a 23 de Maio e também em determinadas rodovias durante os finais de semana e feriados.
O que parece haver de mais equivocado nessas determinações é o fato de privilegiarem o tráfego de carros de passeio, em detrimento da circulação dos veículos de carga, que afinal são responsáveis, em grande parte, por nada menos que o escoamento da produção agrícola e industrial do Estado de São Paulo.
Assim como no frequente desdém com que os transportes públicos vêm sendo tratados por grande parte dos mandatários, da mesma forma nessa extravagante regulamentação das rodovias parece persistir uma tendência a desconsiderar as necessidades da esfera produtiva e, portanto, indiretamente, dos cidadãos.
A exemplo do rodízio de automóveis, são louváveis todas as iniciativas voltadas à melhora na qualidade de vida urbana. Quando, entretanto, o custo de sua implementação começa a ultrapassar o benefício que se pretende conquistar, é imperioso fazer logo as devidas adaptações.

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