São Paulo, sábado, 27 de julho de 1996
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Seriedade, autonomia e qualidade

ÉFREM DE AGUIAR MARANHÃO

As universidades brasileiras, mesmo jovens, têm contribuído para a efetiva melhoria da nossa sociedade, seja no desenvolvimento social e econômico, seja nos avanços das artes, ciências e da tecnologia nacional.
Hoje estão na ordem do dia, nacional e internacionalmente, questões como autonomia, melhoria da gestão e da qualificação do corpo docente, avaliação interna e externa, "acreditação" institucional e profissional, fontes de financiamento e modelos de alocação de recursos, integração universidade-sociedade.
A sociedade clama por eficiência, produtividade e qualidade das instituições de ensino superior, públicas ou privadas. Poucas instituições têm verdadeiramente um projeto educacional sério, de qualidade e na perspectiva de médio e longo prazos, como deve ser.
Verifica-se por parte dessas um grande esforço na qualificação do corpo docente e melhoria da gestão. O governo precisa de uma política explícita com nortes definidos, em que desempenhe um papel de supervisão, acompanhamento e controle da qualidade, sem os exageros das leis e regulamentos, muitas vezes discordantes e contraditórios, excessivamente controladores, o que burocratiza e compromete a autonomia.
Sem dúvida, não existe universidade sem autonomia, mas esta deve ser entendida na sua essência como um direito, uma responsabilidade e um compromisso com a sociedade, no que diz respeito à geração e difusão do conhecimento cultural, científico e artístico e na resolução dos seus problemas; nunca como uma soberania que lhe permita abusos. Urge que se aprove a LDB e discutam, governo e sociedade, o novo Plano Nacional de Educação.
Temos uma enorme heterogeneidade de universidades. A sociedade facilmente identifica as ações do ensino. A maior parte da pesquisa brasileira é desenvolvida nas universidades. Na hora de ingressar ou mandar seus filhos para um curso superior ou contratar serviços ou pesquisas, todos sabem selecionar as melhores instituições.
Afirmar se a criação de novas universidades particulares favorece ou não o ensino superior passa pela reflexão do que de fato é uma universidade. Indaga-se se as que hoje assim denominadas contemplam a visão desejada de qualidade e autonomia e suportam uma avaliação externa com resultados satisfatórios; se atendem às demandas de egressos do segundo grau, às necessidades sociais e econômicas de desenvolvimento regional e nacional; e, ainda, se o projeto pedagógico apresentado reflete uma proposta contemporânea, comprometida com os cenários nacional e internacional.
Se temos um projeto com esse perfil, será bem-vinda a criação de novas universidades, públicas ou privadas.

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