São Paulo, segunda-feira, 29 de julho de 1996
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Keith Richards ganha medalha de pó

ÁLVARO PEREIRA JÚNIOR
ESPECIAL PARA A FOLHA

Falei na coluna da semana passada sobre um livro recém-lançado do jornalista inglês Nick Kent, "The Dark Stuff", com histórias para lá de bizarras de grandes nomes do rock.
Sinceramente, uma coluna só é pouco para tanta loucura que tem ali. Por isso, aqui vai mais uma coleção de "causos" roqueiros contados por Kent. Tudo no melhor espírito olímpico, é claro.
Medalha de pó. Keith Richards. Cansado da rotina das drogas "convencionais", o guitarrista dos Rolling Stones inventou uma espécie de cabra-cega dos estupefacientes. Ele misturava tudo: cocaína, heroína, barbitúricos, anfetaminas. O resultado era um pó branco que Richards separava em fileiras e chamava os amigos para aspirar. Trip totalmente suicida, porque ninguém sabia o que estava cheirando. A receita era segredo do chef Richards.
Medalha de lixo: Jerry Lee Lewis. O grau mau-caratismo desse roqueiro veterano é algo a ser estudado. Casou com a prima de 13 anos, suspeito de mandar matar uma ex-mulher, envolvido com evangélicos tarados...
Medalha de vácuo: Izzy Stradlin. No auge do sucesso, o músico dos Guns N'Roses deu uma entrevista a Kent na qual, a cada segundo, se superava em boçalidade e vazio mental. É de Stradlin a seguinte pérola de raciocínio: "Estou indo para a Alemanha, onde eles vão bombear uma nova merda totalmente científica nas minhas gengivas que é pra ver se os meus dentes param de despencar".
Medalha de areia: Brian Wilson. Alucinado, incapaz de sair de casa, mas precisando de um clima "marinho" para compor, o líder dos Beach Boys mandou construir no meio da sala de casa uma caixa de areia, grande o suficiente para receber seu corpo balofo e um piano de cauda. Um fã abordou Wilson no aeroporto e perguntou: "Você não se cansa de ficarem te chamando o tempo todo de gênio, gênio, gênio?" Brian pensou um pouquinho e devolveu: "Não".
Medalha de gelo: Elvis Costello. Conversando com uma alta executiva de sua gravadora, o nerd do rock foi perguntado sobre suas relações com os amigos. A resposta foi seca: "Não tenho absolutamente nenhum amigo". A executiva se levantou e foi puxar papo em outra freguesia.
Então chega de "The Dark Stuff". Só uma pequena correção. Na coluna da semana passada, meu texto original dizia que esse livro é talvez o melhor de todos os tempos sobre rock. Por causa de uma vírgula misteriosa que, na versão impressa, apareceu antes de "sobre rock", deu a impressão de que eu achava que o livro era o melhor de todos os tempos. Não é isso, claro. "The Dark Stuff" é excepcional, mas na praia dele: rock.

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