São Paulo, terça-feira, 30 de julho de 1996
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

BB repetirá prejuízo em 96, diz Ximenes

VIVALDO DE SOUZA; SHIRLEY EMERICK
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O Banco do Brasil deve fechar o ano de 1996 com prejuízo. A informação foi dada ontem pelo diretor de Finanças, Carlos Gilberto Caetano. O banco anunciou um prejuízo de R$ 7,78 bilhões no primeiro semestre deste ano.
O BB não tem lucro desde o segundo semestre de 1994, quando foi registrado déficit de R$ 85 milhões. Com o prejuízo previsto para este ano, será o segundo ano consecutivo sem registro de lucros no balanço. No ano passado, o prejuízo foi de R$ 4,2 bilhões.
A previsão do presidente do BB, Paulo César Ximenes, é que o resultado do banco volte a ser positivo neste semestre. "O banco entrou numa vida nova. Vamos ter lucro no segundo semestre", disse.
"Não temos como fazer um lucro de R$ 8 bilhões no segundo semestre. O banco vai dar prejuízo no exercício (ano de 1996)", afirmou Carlos Caetano. Assim como Ximenes, o diretor não quis fazer uma previsão sobre o resultado do segundo semestre deste ano.
Problemas às claras
Segundo Caetano, o balanço divulgado ontem mostra claramente quais são os problemas do banco, que recebeu uma injeção de R$ 8 bilhões por meio de um programa de capitalização.
Dois fatores contribuíram para o resultado negativo: provisionamento de R$ 5,5 bilhões para créditos de liquidação duvidosa e antecipação de prejuízo cambial de R$ 1,3 bilhão, disse Ximenes.
Provisionamento é o nome técnico que se dá a uma reserva que o banco faz para cobrir empréstimos que dificilmente irá receber. Ele reduz o lucro do banco e, portanto, a distribuição de dividendos.
Ximenes disse que R$ 1,7 bilhão desse provisionamento é de créditos que ainda não estão vencidos, mas que o banco já sabe que terá problemas para receber. A maior parte foi emprestada antes de 1995.
'Limpar o passado'
"Nós antecipamos para limpar o passado", disse o presidente do BB. "Se o resultado é ruim, o que ele significa na área de transparência é muito importante", afirmou.
Os créditos de liquidação duvidosa somam R$ 7,2 bilhões. São empréstimos feitos principalmente para indústria e comércio, disse Ximenes. "O setor rural não é o maior problema", afirmou.
O resultado divulgado ontem mostra ainda que a capitalização de R$ 8 bilhões no primeiro semestre permitiu ao BB reduzir sua captação no mercado para empréstimos no mercado interbancário (de um banco para outro).
O volume de depósitos interfinanceiros (captados junto a outros bancos) caiu de R$ 5,02 bilhões no final de junho de 1995 para R$ 1,04 bilhão em 30 de junho deste ano. Essas operações totalizaram R$ 6,32 bilhões em dezembro de 1995.
As operações no interbancário permitiram ao BB um lucro de R$ 1,28 bilhão no primeiro semestre deste ano. O resultado foi inferior ao lucro de R$ 1,43 bilhão obtido com as mesmas operações no segundo semestre do ano passado.
Mesmo com os planos de demissão voluntária e de redução de quadros, a despesa com pessoal no primeiro semestre foi de R$ 3,27 bilhões -contra R$ 3,18 bilhões no segundo semestre de 95. Para Caetano, o aumento é só nominal.
A folha de pessoal de outubro a dezembro de 1995 teve um aumento de 25%, determinado pelo Tribunal Superior do Trabalho.
Em 1996, esse aumento já se refletiu nos seis primeiros meses. Portanto, disse, houve um queda real (descontada a inflação) de 13% na despesa com pessoal.
(VIVALDO DE SOUZA e SHIRLEY EMERICK)

Texto Anterior: Dinheiro de fraude não é recuperado
Próximo Texto: "Calote" pode ser de R$ 1,7 bi
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.