São Paulo, terça-feira, 30 de julho de 1996
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Malan é 1º a ter audiência com Fernández

CLÓVIS ROSSI
DO ENVIADO ESPECIAL A BUENOS AIRES

O governo argentino colocou até um helicóptero à disposição do ministro brasileiro da Fazenda, Pedro Malan, para que ele pudesse ser o primeiro a ter uma audiência com seu colega argentino da Economia, Roque Fernández.
Malan, que passara por Buenos Aires a caminho de Santiago do Chile, só voltaria de Santiago por volta de 20h30 de ontem, além do horário da posse de Fernández.
O governo argentino fez o possível para que Malan comparecesse à posse, mas, na impossibilidade, jogou todas as fichas para que o ministro brasileiro se avistasse logo depois com o novo ministro.
É parte do jogo de relações públicas para mostrar que a substituição de Domingo Cavallo é absorvida tranquilamente não só pelos mercados como também pelos principais parceiros da Argentina (e o Brasil é, hoje, o principal).
Para o empresariado brasileiro na Argentina, o sinal é até dispensável. Mesmo admitindo que as empresas brasileiras tinham "muito carinho" pelo antigo ministro, Jorge Abel Peres Brazil, vice-presidente do Grupo Brasil, diz: "A mudança neste momento chega a ser bastante positiva para a Argentina. O novo ministro manterá o plano e a economia ganhará tempo para respirar".
Peres Brazil acha que o desgaste político de Cavallo tornou necessária a sua saída.
O Grupo Brasil congrega, hoje, 172 empresas brasileiras, que respondem por 80% dos cerca de US$ 800 milhões que companhias brasileiras investiram na Argentina.
Peres Brazil, que dirige, na Argentina, a seguradora BRB, não sentiu temores entre as empresas brasileiras pela mudança no comando da economia nem disposição para reestudar investimentos.
O "carinho" por Cavallo não impede, em todo o caso, que os empresários brasileiros na Argentina duvidem da previsão do ex-ministro de que a economia do país crescerá 5% neste ano.
"Os próprios empresários argentinos acham que, se crescer 3% ou 3,5%, já estará de bom tamanho", diz Peres Brazil.
A recessão do ano passado afetou desigualmente as empresas do grupo. As do setor de autopeças foram duramente afetadas, mas as do setor alimentício pouco ou nada sofreram.

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