São Paulo, terça-feira, 30 de julho de 1996
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Serra está tenso

FERNANDO RODRIGUES

Brasília - Estaria tudo calmo na campanha de José Serra para prefeito de São Paulo. Essa é a versão tucana sustentada em público. A realidade, entretanto, é bem diferente.
Quando começou a consolidar o quarto lugar nas pesquisas de opinião, Serra começou a cobrar trabalho dos aliados. O tucano frisou que se lançou candidato por pressão do partido. Agora, todos teriam de trabalhar.
O candidato não chegou a dizer. Mas houve quem entendesse, precipitadamente, que ele queria passar a seguinte mensagem: "Não pedi para estar aqui. Se não me ajudarem, abandono o barco".
No início da semana passada, houve outro momento de tensão. Uma pesquisa interna dava conta que o governador Mário Covas não está lá essas coisas perante o eleitorado.
Covas ajudaria Serra apenas marginalmente. A lembrança do eleitor, por incrível que pareça, ainda é maior e melhor da época em que Covas foi prefeito de São Paulo -há mais de uma década.
Muitos eleitores ainda não têm opinião positiva sobre a passagem de Covas pelo governo do Estado. Podem até vir a ter, dado o número de inaugurações que o governador tem patrocinado. Só que ainda não é o caso.
Por causa dessa pesquisa, a cúpula da campanha tucana em São Paulo começou a ter dúvidas sobre se valeria ou não a pena colocar Serra ao lado de Covas em aparições públicas.
Essa dúvida deixou um emissário do governador chateadíssimo. Ocorreu um esboço de rompimento. Depois de muitos panos quentes, Covas apareceu ao lado de Serra num passeio pela cidade no último fim-de-semana.
A tensão é alta na campanha tucana. Serra está sentindo a falta de apoio. Há muitas promessas. Poucas são cumpridas.
Um juízo melhor poderá ser feito apenas a partir do resultado das pesquisas da segunda metade de agosto. Nessa época, o efeito da propaganda de TV poderá ser sentido.
Se é que a TV vai mesmo gerar um grande efeito positivo para Serra.

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