São Paulo, quarta-feira, 31 de julho de 1996
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"Ilhas" protegem seringal na Amazônia

CARLOS CARVALHO
FREE-LANCE PARA A FOLHA

Um novo modelo de plantio de seringueiras, proposto pelo professor Paulo Kageyama, da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (USP), pode recuperar a produção de látex na Amazônia.
Especialista em reprodução genética de espécies vegetais, Kageyama quer retomar a idéia de adensamento do seringal, mas de forma diferente da realizada na década de 70.
Naquela época, por meio do Probor (Programa de Incentivo à Produção de Borracha Vegetal), o governo investiu em grandes plantações contínuas de seringueiras, que acabaram dizimadas por uma doença endêmica conhecida como mal-das-folhas.
Ao visitar a reserva extrativista Chico Mendes no Acre, em 1990, Kageyama percebeu que pequenos grupos de seringueiras ou mesmo árvores isoladas dentro da floresta não apresentavam o mal-das-folhas.
Sua conclusão foi que essas árvores formam pequenas "ilhas" envoltas pela floresta.
A biodiversidade que compõe a floresta tropical circunda a "ilha" e cria uma barreira de proteção contra a propagação do fungo responsável pelo mal-das-folhas.
A proposta consiste em selecionar as seringueiras mais produtivas e, a partir delas, realizar pequenas plantações de no máximo 400 árvores, formando então pequenas "ilhas" de seringueiras de alta produção dentro da floresta.
Segundo Paulo Kageyama, esse modelo utiliza a biodiversidade da floresta para proteger o seringal do fungo causador do mal-das-folhas.
Além disso, as "ilhas de alta produtividade", como é chamado o modelo, poderão recuperar a competitividade dos seringais da Amazônia.

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