São Paulo, quinta-feira, 1 de agosto de 1996
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Uruguai traz sua vanguarda ao MAM-SP

DA REDAÇÃO

O Museu de Arte Moderna de São Paulo, no parque Ibirapuera, inaugura hoje, às 19h, a mostra "A Vanguarda no Uruguai: Barradas e Torres-García", com obras dos dois mais importantes nomes da pintura desse país neste século.
Os dois se conheceram em Barcelona, no início do século, em um momento em que a Europa, principalmente França e Itália, era seduzida por novas tendências artísticas.
Em 1917, expõem juntos em uma galeria da cidade. Torres-García era mais acadêmico, gostava da ordem e desenvolvia uma obra neoclássica. Barradas era mais dinâmico. Sentia toda a ebulição artística de seu tempo. Os dois se entenderam. Torres-García transmitiu noções de classicismo a Barradas. Este, por sua vez, retribuiu com elementos da vanguarda.
Barradas era um autodidata. Fez desenhos, caricaturas, aquarelas, gravuras, pinturas, cenografias e figurinos de teatro. Em sua primeira fase na Europa, influenciado pelo futurismo, Barradas criou o vibracionismo, estilo que dá mais movimento às suas telas.
Em uma fase posterior, influenciado pelas rupturas provocadas por Picasso, cancelou os traços dos rostos de seus personagens e criou o que vem a ser chamado de clownismo (referência ao excesso de maquiagem dos palhaços). Correu toda a Europa e conheceu artistas como Marinetti, Picasso, Dalí e García Lorca. Mas nem tudo foi positivo em suas andanças.
Em carta ao amigo Domingo Bazzurro, Barradas reclamou da dor do exílio: "Apesar dos 15 anos intensamente vividos aqui na Europa, sinto-me tão estrangeiro como quando cheguei... Estou só, querido Bazzurro, e neste meu afastamento morro de tristeza". Em novembro de 1928, Barradas voltou para Montevidéu, onde morreu, no ano seguinte.
Torres-García voltou para Montevidéu em 1934. Espantou-se com a falta de informação de seus conterrâneos e dedicou-se a cursos, conferências e edição de uma revista de arte.
Influenciado pelo neoplasticismo de Mondrian, Torres-García pretendeu conciliar seu figurativismo ao abstracionismo cromático e geométrico do holandês.
Também apregoou um tipo de "pintura universal", em que inseriu elementos simbólicos de diversas culturas.
Em "Madera con Hombre Universal" (1938; veja foto ao lado), é possível notar símbolos do cristianismo (coração, escada, peixe), da alquimia (Sol, Lua), da maçonaria (martelo), do pitagorismo (triângulo, quadrado) e outros. Também costumava misturar palavras, letras e símbolos gráficos de várias culturas, mas sem suas limitações idiomáticas.
Torres-García é mais conhecido dos brasileiros, mas de uma maneira trágica. Em 1978, durante uma mostra no Rio de Janeiro, 86 obras suas foram destruídas em um incêndio. Alguns de seus trabalhos estiveram novamente no Brasil há dois anos, em uma sala especial na 22ª Bienal de São Paulo.

Mostra: A Vanguarda do Uruguai - Barradas e Torres-García
Onde: MAM-SP (parque Ibirapuera, portões 2 e 3, tel. 011-549-9688)
Vernissage: hoje, das 19h às 22h
Quanto: R$ 5,00 (R$ 2,00 às terças)

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