São Paulo, sexta-feira, 2 de agosto de 1996
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Universitários defendem carreira única

FERNANDO ROSSETTI
ENVIADO ESPECIAL A BELO HORIZONTE

As 128 universidades brasileiras devem ter um "padrão unitário de qualidade", defende a Andes, principal sindicato de professores universitários do país.
A idéia é que todas as universidades, públicas ou particulares, federais ou estaduais, adotem a mesma carreira docente -o que significa que os salários dos professores com mesma titulação também seriam iguais em todo o país.
A posição é um dos pontos centrais do documento "Proposta da Andes para a Universidade Brasileira", lançado no 1º Coned (Congresso Nacional de Educação), aberto anteontem à noite em Belo Horizonte (MG).
O Congresso é uma espécie de reunião de toda a oposição da área de educação às reformas no ensino que os governos do PSDB estão implantando.
Dilúvio
"Não estamos nadando contra a maré, estamos nadando contra um dilúvio", disse a presidente da Andes, Maria Cristina de Moraes, sobre o conflito entre as propostas do sindicato e as políticas de ensino superior em curso no país.
O governo federal, por exemplo, tem a proposta de acabar com a isonomia (igualdade salarial) nas suas 52 instituições de ensino superior.
"A isonomia salarial e a carreira única são fatores indispensáveis para condições de trabalho que possam, de fato, garantir padrão unitário de qualidade para a produção acadêmica, em nível nacional", diz o texto da Andes.
Segundo a presidente da entidade, "a gente trata a questão das instituições de ensino superior dentro de uma concepção de sistema nacional de educação, enquanto o governo fragmenta o ensino em diversos níveis".
Ou seja, enquanto o governo está enfatizando o investimento no ensino de 1º grau -"em detrimento do ensino infantil e das universidades"-, o sindicato considera que a educação no país deve ser pensada como um todo.
"Não dá para melhorar um nível de ensino se os outros não funcionarem", diz Cristina, professora de arquitetura da Universidade Federal do Rio Grande do Norte.
Assim, o sindicato se contrapõe, também, à proposta de se investir em centros de excelência -lugares bons em determinadas áreas de ensino, pesquisa ou extensão e que, por isso, recebem mais investimento do governo.
Para a Andes, as instituições devem ser diversificadas para atender às diferentes necessidades regionais, mas o investimento deve ser igual em todas, para garantir a qualidade.

O jornalista Fernando Rossetti viajou a Belo Horizonte a convite da organização do 1º Coned

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