São Paulo, sexta-feira, 2 de agosto de 1996
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Philco refaz comercial da tortura de ETs

CÉLIA DE GOUVÊA FRANCO
DA REPORTAGEM LOCAL

A Philco, grande fabricante de produtos eletroeletrônicos, reformulou sua mais recente campanha publicitária depois que os anúncios foram suspensos da televisão por mostrarem cenas de tortura.
O comercial cuja veiculação foi cassada pelo Conar (Conselho Nacional de Auto-Regulamentação Publicitária) tinha três versões. Cada uma delas mostrava ETs sendo torturados por empresários de três nacionalidades para que confessassem que eram eles os responsáveis pela tecnologia dos novos videocassetes da Philco.
Entre os que pediram a suspensão da campanha está a Comissão de Justiça e Paz de São Paulo, que afirma, em carta ao Conar, ser inadmissível que a Philco utilize, como forma de propaganda, cenas de tortura, crime considerado hediondo pela Constituição. Os comerciais constituem "verdadeira afronta à dignidade da pessoa humana", diz o documento.
O Grupo Tortura Nunca Mais de Pernambuco também protestou contra a publicidade da Philco e pretendia iniciar uma campanha de boicote aos produtos da Philco.
Nova versão
Suspensos os anúncios na sexta-feira, a Philco resolveu retomar a campanha de lançamento dos videocassetes o mais rapidamente possível. Por isso, a agência de publicidade da Philco, a F/Nazca S&S, criou e produziu em 18 horas um filme que começou a ser veiculado ontem, em substituição ao comercial suspenso.
O novo anúncio faz referência direta à questão dos direitos humanos, supostamente atingidos nos comerciais suspensos. O texto do novo anúncio diz que "em respeito aos direitos humanos dos extraterrestres, a Philco, numa atitude inédita, vem revelar o segredo dos seus videocassetes". Assim, os "concorrentes" da Philco não precisariam mais torturar os ETs. O texto continua: "Os ETs não têm culpa. Liberdade para os ETs. Tortura nunca mais".
Originalmente, estava previsto que a campanha ficaria 45 dias no ar, com um custo estimado em cerca de R$ 1,5 milhão.
Fábio Fernandes, presidente da F/Nazca, disse ontem que não houve intenção de fazer apologia da tortura. Tanto que o público teria entendido a campanha como uma brincadeira. Uma pesquisa feita pelo Datafolha esta semana mostrou, segundo ele, que apenas 16% dos 150 entrevistados acharam os comerciais ofensivos, enquanto 84% consideraram os anúncios bem humorados.
A pesquisa também apurou que somente 1% dos consultados disseram que a campanha da Philco estimula violência ou é violenta; 77% deles afirmaram que sua principal mensagem é mostrar a tecnologia dos novos videocassetes.

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