São Paulo, sexta-feira, 2 de agosto de 1996
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"Vaca louca" pode passar da vaca a seus bezerros

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

O ministro da agricultura britânico, Douglas Hogg, confirmou ontem que a "doença da vaca louca" pode ser transmitida da vaca ao novilho.
A "doença da vaca louca", nome popular da encefalopatia espongiforme bovina, leva o gado bovino a apresentar descontrole muscular.
A doença, que destrói grupos de células do cérebro -fazendo com que elas fiquem com o aspecto de uma esponja-, é fatal.
Estudos mostraram que cerca de 10% das vacas passaram a doença ao filhote, uma taxa de transmissão de cerca de 1%, se forem considerados os casos registrados.
"Essa é a primeira evidência concreta de que a transmissão maternal ocorre", disse Kevin Taylor, assistente-chefe do escritório de veterinária britânico.
Cientistas ainda não sabem como isso pode ter acontecido. Algumas partes do animal mostraram ser infecciosas: o cérebro, a medula espinhal, uma glândula chamada timo e algumas partes do intestino. Não foi encontrada infeciosidade no sangue, músculo ou leite.
Mas Richard Lacey, pesquisador britânico da Universidade Leeds, disse que a descoberta significa que a doença foi passada através do sangue. "Se está no sangue, significa que todos os produtos de carne são perigosos". Para ele, deveria haver um banimento total dos produtos de carne do país.
Governo britânico se defende
Fazendeiros e o governo não concordam. "Não acho que isto seja uma notícia devastadora", disse Richard MacDonald, da União Nacional de Fazendeiros.
Segundo o ministro, o controle da carne já foi suficiente para proteger o público. O anúncio foi mais uma tentativa de o governo restaurar a credibilidade da indústria de carne britânica.
Em março, o governo britânico admitiu a possibilidade de uma doença chamada Creutzfeldt-Jakob (CJD) -cujos sintomas são semelhantes aos provocados pela "vaca louca"- ter sido transmitida pelo gado aos humanos que ingeriram carne contaminada.
A teoria mais aceita é a de que a doença seja causada por uma proteína chamada príon que, na forma modificada, se torna infecciosa, atacando o sistema nervoso.

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