São Paulo, sexta-feira, 2 de agosto de 1996
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Dieta de fibra não evita câncer, diz estudo

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

Adicionar fibras à dieta pode ser uma perda de tempo, e até prejudicial à saúde, segundo estudo que será publicado amanhã na revista médica britânica "The Lancet".
Estudos vinham mostrando que pessoas que comem dietas ricas em fibras (presentes em frutas e folhas) têm menores taxas de doenças cardíacas e de certos tipos de câncer, como o de intestino.
Muitos pesquisadores concluíram daí que, se as fibras fossem comidas isoladamente -sem os outros nutrientes das frutas e dos vegetais- poderiam trazer os mesmos benefícios.
Mas, segundo Harpreet Wasan, da Fundação Imperial de Pesquisas do Câncer, em Londres, "estudos em humanos falharam em mostrar a relação entre as fibras (sozinhas) e a redução dos riscos de contrair a doença".
O problema é que nem todas as fibras são iguais.
Estudos feitos em animais mostraram que os efeitos de dietas suplementadas com fibras dependem muito do tipo de fibra usada.
"Nem todos os estudos com fibra de trigo e celulose mostram redução do risco de câncer", afirma Wasan.
Experimentos feitos com fibra de soja, arroz e milho geralmente não mostram efeitos contra as doenças.
Nenhum efeito
Segundo Wasan, a maioria dos estudos com pectina e alfafa (tipos de fibras) mostram carcinogênese coloretal (do colo e do reto) aumentada ou nenhum efeito".
Isto é, a dieta com pectina e alfafa provoca mais câncer ou, então, não evita a doença.
Os pesquisadores alertam para o uso excessivo de fibras devido a falta de benefícios mostrados pelos resultados dos estudos recentes.
"Tendo em vista a falta geral de benefícios apresentados nos estudos feitos em humanos e os efeitos prejudiciais vistos nos animais, recomendamos cuidado no uso de fibras", dizem os pesquisadores.
Segundo eles, seria melhor aumentar a quantidade de frutas e de vegetais na dieta e reduzir o consumo de gorduras.
"Como constituintes da fibra demonstraram ter pelo menos um efeito prejudicial nos experimentos com humanos, recomendamos restringir o acréscimo da ingestão de fibras aos alimentos".
Para os pesquisadores, as empresas que produzem suplementos alimentares à base de fibras deveriam limitar as promessas sem fundamento sobre os benefícios à saúde.
Muitas empresas farmacêuticas e de alimentos fabricam pílulas de fibras e suplementos alimentares fortificados com fibras.

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