São Paulo, sábado, 3 de agosto de 1996
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Em 97, FHC quer investir o mesmo que Itamar em 94

SÔNIA MOSSRI
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O Orçamento de 1997 prevê investimentos de R$ 6 bilhões, R$ 1 bilhão a mais do que os gastos previstos para este ano. Mas isso não é um aumento significativo, pois representa o total dos investimentos orçamentários em 1994, último ano do governo Itamar Franco (1992-1994).
Essa previsão não é garantia de que os recursos serão liberados pela Secretaria do Tesouro Nacional. O desembolso vai depender do comportamento da arrecadação de impostos e contribuições.
Neste ano, por exemplo, o Orçamento previa investimentos de R$ 9,8 bilhões, mas o governo só programa gastar cerca de R$ 5 bilhões. Em 1995, o governo cortou 50% dos investimentos (R$ 6 bilhões) para não aumentar o déficit (despesas maiores que as receitas).
Segundo o Ministério do Planejamento, o governo precisaria de investimentos orçamentários de no mínimo R$ 12 bilhões para evitar o risco de falta de energia elétrica no Sudeste, erradicar doenças endêmicas, estender o saneamento à toda a população das capitais e recuperar a malha rodoviária.
Já os investimentos das estatais para o próximo ano atingem R$ 11 bilhões, R$ 1 bilhão a menos do que o previsto para 96.
Controle
Há pouca disponibilidade para gastos no Orçamento, sobretudo com uma receita de impostos menor do que o volume de despesas.
O Ministério do Planejamento e a Casa Civil da Presidência da República serão encarregados de acompanhar e controlar a execução de 50 programas do governo.
As metas do governo para 1997 em relação às rodovias federais, incluindo a duplicação de 532 km, exigem mais de R$ 1 bilhão.
Em 96, os cortes orçamentários deixaram o DNER (Departamento Nacional de Estradas de Rodagens) com pouco mais de R$ 300 milhões para investimentos.
O governo já se prepara para enfrentar dificuldades na tramitação do projeto orçamentário de 1997 com o Congresso.
A LDO (Lei de Diretrizes Orçamentárias) determina que os parlamentares somente podem alterar 30% dos projetos de investimentos enviados pelo Executivo.
Além disso, a LDO também determina que eles não podem alterar os recursos de investimentos oriundos de empréstimos externos e os que constituem contrapartida para financiamentos de organismos multilaterais.
Sobram para emendas de parlamentares, nas verbas de investimentos, 30% de R$ 3 bilhões, ou seja, R$ 900 milhões.
Por isso, o governo teme que o Congresso use verbas destinadas à manutenção da máquina administrativa para emendas de interesse dos parlamentares.

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