São Paulo, sábado, 3 de agosto de 1996
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Laudo deve apontar risco de suicídio

ARI CIPOLA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM MACEIÓ

O laudo do perfil psicológico de Suzana Marcolino, namorada de PC Farias, vai indicar que ela possuía fatores de risco para se suicidar, segundo apurou à Agência Folha.
Suzana e PC morreram no dia 23 de junho na casa do empresário na praia de Guaxuma, em Maceió. O laudo está sendo preparado por uma equipe de psiquiatras e psicólogos da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas).
No trabalho de um psiquiatra, os fatores de risco podem determinar um perfil de um suicida ou de um possível suicida. Porém, isso não significa que as pessoas que apresentem estas características inevitavelmente se suicidem.
Os fatores de risco são três: biológico (hereditário), psicológico e social. Os três fatores estão sempre presentes em uma pessoa com potencial suicida. Porém, um deles pode prevalecer sobre os demais.
Pelo menos o fator biológico deve constar no laudo indicando que ela tinha tendências suicidas. Há ainda fortes indícios que os outros fatores indiquem a mesma coisa.
Pesquisa
No últimos dez dias, os psiquiatras Acioly Luiz Tavares de Lacerda e Pedro Lana Pôssas, coordenados pela psicóloga Liliana Guimarães, todos da Unicamp, colheram 35 depoimentos e visitaram locais que Suzana frequentava.
Na manhã de ontem, a reportagem da Agência Folha flagrou a equipe da Unicamp na Clínica Santa Juliana, onde foi buscar informações sobre a internação do pai de Suzana, Jerônimo Marcolino da Silva.
O pai de Suzana deu entrada voluntária na clínica para se recuperar de uma crise de alcoolismo há 15 anos. Este fato deverá constar do laudo como uma indicação da tendência suicida de Suzana, dentro do fator biológico.
Psiquiatras consultados pela Agência Folha disseram que a internação do pai de Suzana pode caracterizar a presença dos três fatores de risco.
Depois de cerca de 30 minutos de reunião com o psiquiatra Tibério Rocha, sócio da clínica, os psiquiatras se recusaram a falar sobre as conclusões do laudo.
Nos próximos 15 dias, a equipe da Unicamp vai fazer o cruzamento das informações colhidas em Maceió. Um dos trabalhos será quantificar qual dos fatores de risco é o predominante no caso.
O trabalho é feito por meio de gráficos que determinam também o grau de risco da potencialidade suicida da pessoa. Caso o laudo conclua que Suzana está na classe de "alto risco", a peça terá maior valor de prova no inquérito.

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