São Paulo, sábado, 3 de agosto de 1996
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Universidade monta acervo do sociólogo Florestan Fernandes

UFSCar reúne cerca de 12 mil livros do acervo do sociólogo

JOSÉ ALBERTO BOMBIG
DA FOLHA NORDESTE

Bibliotecários e sociólogos da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) começaram esta semana a colocar nas prateleiras e armários os cerca de 12 mil livros e 20 mil documentos que compõem o acervo pessoal do sociólogo Florestan Fernandes, morto em agosto de 95.
O acervo pessoal do sociólogo foi comprado pela universidade (244 km a noroeste de São Paulo) junto à família Fernandes em abril deste ano por R$ 160 mil. O material chegou à universidade em junho.
A inauguração da sala está marcada para o próximo dia 9, um dia antes do aniversário de um ano da morte de Florestan Fernandes, considerado um dos maiores sociólogos do país.
Esta semana, a equipe da universidade iniciou a colocação dos livros na principal prateleira das 25 que formam a sala.
Os livros serão mantidos na mesma ordem em que se encontravam no apartamento do sociólogo, em São Paulo, disse a diretora da Biblioteca Comunitária da UFSCar, Lourdes de Souza Moraes.
A Folha acompanhou o trabalho de montagem da primeira estante.
"Essa prateleira reflete o percurso intelectual dele. Primeiro os livros de antropologia, depois os de sociologia e, por último, a dedicação ao marxismo", disse o historiador Paulo Henrique Martinez, 31, que trabalhou com o sociólogo entre 86 e 94.
Nos livros que já estão sendo colocados nas prateleiras, o que mais tem chamado a atenção dos pesquisadores são as marginalias (anotações nas margens dos livros) de Florestan.
Os textos "comentados" pelo sociólogo incluem ensaios do presidente Fernando Henrique Cardoso, que foi aluno de Florestan, e reportagens sobre os governos do ex-presidente Fernando Collor e do próprio FHC.
Grande parte dos livros também é acompanhada de dedicatórias, como a de FHC no livro "O Modelo Político Brasileiro e Outros Ensaios": "Para o professor Florestan, com a amizade de sempre, ofereço estes ensaios que são um testemunho do esforço de continuar a crítica apesar do teto baixo, São Paulo, 21 de novembro de 72".
"Essas anotações serão compiladas e catalogadas. Com certeza, elas serão muito representativas para o estudo do pensamento de Florestan", disse o sociólogo da UFSCar Júlio Roberto Ósio.

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