São Paulo, domingo, 4 de agosto de 1996
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Pele favoreceu escolha de Pitta

JOSIAS DE SOUZA
DA REDAÇÃO

Não fosse negro, Celso Pitta não seria hoje candidato à prefeitura.
Paulo Maluf, seu mentor político, tinha três nomes alternativos. Na reta final, definiu-se por Pitta principalmente em razão da cor de sua pele.
Antes de oficializar o nome do candidato, Maluf encomendou uma pesquisa de opinião. Constatou que apenas 4% da população rejeitava um candidato negro.
Avaliou-se então que, desconhecido, Pitta teria na cor da pele e na estatura -ele tem 1,90m- diferenciais que o distinguiriam dos demais candidatos, facilitando o reconhecimento do eleitor.
Integravam a lista de opções de Maluf à sua sucessão, além de Pitta, os secretários Lair Krahenbuhl (Habitação), homem do Cingapura; Paulo Richter (Saúde e Planejamento), mentor do PAS; e Reynaldo de Barros (Serviços e Obras Públicas), que tem a cara dos viadutos e avenidas da atual gestão.
Dirigidos por Duda Mendonça, os quatro gravaram mensagens em que se apresentavam como candidatos da preferência de Maluf.
O filmete foi exibido a grupos selecionados de pessoas, num processo batizado de pesquisa qualitativa. Pitta foi bem avaliado por todos os grupos. Em segundo lugar veio Richter.
Duda Mendonça preferia Richter. Calim Eid, conselheiro de Maluf, queria Pitta. O que uniu todos em torno de Pitta foi, novamente, a cor da pele do candidato.
Maluf ouviu também o americano James Carville, assessor de campanha do presidente dos EUA, Bill Clinton. Também ele aconselhou a escolha de Pitta.
A partir desta segunda-feira, o candidato de Maluf tenta livrar-se do rótulo de fantoche que os adversários tentam grudar em sua imagem. Continuará propagandeando o PAS e o Cingapura. Mas começará a desfiar na TV um rosário de propostas novas.
Defenderá a municipalização das polícias Militar e Civil. O candidato prometerá também importar da Alemanha um novo veículo de transporte de massa, mais barato que o metrô e mais ágil que o ônibus. Foi batizado pelos publicitários de "fura-fila".
Maluf tenta repetir Orestes Quércia, que fez de Luiz Antonio Fleury Filho, um obscuro secretário de Segurança do Estado, governador de São Paulo.
(JS)

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