São Paulo, domingo, 4 de agosto de 1996
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Para dono de boate, noite foi 'reaquecida'

DA REPORTAGEM LOCAL

Donos de casas noturnas de São Paulo afirmam que as noites foram "reaquecidas". Reaquecer significa, na versão deles, lotar as boates de pessoas dispostas a conseguir parceiros e, muitas vezes, fazer sexo ali mesmo.
"Há uns quatro meses, tive que colocar um segurança na porta do banheiro para evitar que algumas pessoas tivessem relações no banheiro", afirma José Brandão, gerente da Burger & Beer (região central de SP), um bar frequentado principalmente por homossexuais.
Segundo Brandão, "nos últimos tempos a coisa está mais liberada".
Essa também é opinião de Leonildo Patrão, gerente do Cocktail Night Club, uma casa noturna na região central da cidade que exibe shows eróticos.
"Antes o pessoal andava mais preocupado com Aids. A gente ouvia as pessoas falando disso. Agora, acho que está todo mundo mais relaxado", afirma Brandão.
Banheiro cheio
Andrea de Maio, presidente da Associação dos Transformistas do Estado de São Paulo, afirma que "as pessoas estão se liberando depois do coquetel".
Em sua casa noturna, Andrea diz que "os banheiros andam cheio nas últimas semanas".
"Tive que colocar um segurança para evitar que duas pessoas entrassem juntas."
Segundo Andrea, os "boys" que fazem michês afirmam que seus clientes não querem mais usar preservativo.
"Depois do coquetel, estou transando pencas e sem o capote', dizem as bichas."
Segundo Andrea, muitos meninos de programa que antes pediam camisinhas na boate deixaram de aparecer.
O gerente da Termas Fragata (Pinheiros, zona oeste de SP), Flávio Domingues, também acredita que as pessoas estão com menos medo da Aids.
"No auge da preocupação com a Aids, o movimento caiu 40%. Agora, tudo voltou ao normal. Recebemos 150 pessoas por dia."
Domingues acredita, no entanto, que muitas pessoas continuam usando camisinha. "É muito fácil conseguir uma. Nós distribuímos. É de graça. Não acho que as pessoas deixaram de usar."

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