São Paulo, domingo, 4 de agosto de 1996
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British pode se fundir com Daimler

Acordo envolve área militar

IGOR GIELOW
DE LONDRES

Dois dos principais gigantes aeronáuticos da Europa, a BAe (British Aerospace, Reino Unido) e a Dasa (Daimler Aerospace, Alemanha), estão estudando um acordo inédito em suas histórias.
Se as negociações derem certo, as empresas irão fundir suas atividades na área de aviação militar.
Além de inédito, o acordo carrega simbolismo único -há pouco mais de 50 anos, os países se enfrentavam na Segunda Guerra Mundial, principalmente no ar.
Hoje, as empresas já são parceiras em quase todas as iniciativas européias da área de aviação.
Mesmo em atividades militares elas já trabalham juntas. O EF-2000, conhecido como Eurofighter, é um avião de caça majoritariamente alemão, mas com participação da BAe e empresas italianas e espanholas.
União
Mas a proposta fala em união, criação conjunta de produtos e divisão igual de lucros.
A discussão, revelada na semana passada pelo jornal britânico "Daily Telegraph", foi confirmada por um executivo da British Aerospace à Folha. Ele se recusou, porém, a revelar detalhes, mesmo porque as conversas ainda são preliminares.
Segundo o executivo, análises iniciais vêem vantagens para ambas as empresas. Em termos técnicos, seria o equivalente a formar um "time dos sonhos" europeu na área.
Economicamente, para a BAe haveria a vantagem de aproveitar a enorme estrutura da Dasa (51 mil funcionários) e ampliar os projetos militares já existentes -como o Eurofighter.
Para a Dasa, seria uma forma de ampliar a gama de negócios e evitar o colapso financeiro. A empresa teve prejuízo de US$ 2,5 bilhões no ano passado.
E os problemas continuaram neste ano: cancelamento de encomendas e a falência da Fokker, empresa aeronáutica holandesa da qual tinha metade das ações. A reestruturação decorrente levou à venda da subsidiária Dornier.
Negócios
Já a BAe anunciou, na quinta-feira passada, encomendas superiores a US$ 5 bilhões para os próximos três anos.
E, por ano, há US$ 3 bilhões garantidos de manutenção e vendas para a Arábia Saudita.
Mas há fatores que podem impedir o negócio.
No meio, a chance de criar uma força militar européia para fazer frente aos líderes mundiais, os norte-americanos.

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