São Paulo, domingo, 4 de agosto de 1996
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Ainda Cavallo...

ÁLVARO ANTÔNIO ZINI JR.

A saída de Domingo Cavallo do comando da economia argentina não é um episódio concluído. O nervosismo dos mercados cambiais nesta semana é um sintoma. Mudanças são esperadas, mas não se sabe quando, como e quais.
A expectativa de que muita coisa pode mudar tem razão de ser. A camisa de força a que a economia argentina está submetida devido à lei da conversibilidade plena entre o peso e o dólar impõe um custo político elevado porque leva a uma alta taxa de desemprego. Assim, é lógico concluir que, cedo ou tarde, essa âncora será abandonada.
Os que têm a cabeça no lugar devem raciocinar com alguns elementos básicos. Primeiro, o custo político de manter a economia estagnada, por causa da conversibilidade plena, tende a ser crescente. Segundo, o novo ministro está agregando à sua equipe alguns economistas que, tanto em seus escritos teóricos quanto aplicados, se mostram céticos quanto à sustentação de um regime onde coexistam duas moedas, como é o caso da Argentina no presente.
Economistas sofisticados como Guillermo Calvo, um cavalheiro no trato pessoal e um pensador sutil, ou Carlos Rodríguez, um monetarista por formação, mas com grande senso de medida, sabem que o dia de mudar o atual sistema se equivalem, não é algo postergável "ad infinitum". O problema está em como desarmar a bomba que se traduz na dolarização dos contratos.
Reconhecer que se trata de problema complicado não significa que nada possa ser feito. Alternativas econômicas, no sentido restrito do termo, existem. Cada uma tem custo político diferente no curto prazo e benefício potencial adiante. A escolha será de Menem, ou de seu sucessor...

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