São Paulo, domingo, 4 de agosto de 1996
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Olimpílulas-8

JUCA KFOURI

Durante um ano inteiro as norte-americanas do basquete convidaram as brasileiras para disputar amistosos preparatórios com vistas a Atlanta.
Durante um ano inteiro as brasileiras disseram não, certas de que a única possibilidade de uma vitória na casa das anfitriãs olímpicas seria -e será- o chamado fator surpresa.
Os Estados Unidos são os favoritos, não há dúvida. Mas seu time não é o equivalente feminino ao "Dream Team" como querem fazer supor. E se alguém jogará sob pressão será o time local, obrigado a ganhar o ouro.
É, de fato, um sonho imaginar as brasileiras fazendo com as americanas em Atlanta o que fizeram com as cubanas em Havana, nos Jogos Pan-Americanos. Um sonho possível, no entanto, e principalmente se o quinteto nacional tiver frieza para segurar a bola, valorizar os 30 segundos, irritar as donas da casa. E experiência as nossas campeãs mundiais têm, além de saber que já estão com a obrigação mais do que cumprida.
Viramos a pátria de tênis.
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Que fique bem claro: quando menos em tom autocrítico, e mais com sabor de "não digam que fui só eu", o locutor Galvão Bueno diz que "todos nós somos responsáveis" pelo clima que se criou em torno da seleção de futebol masculino, esse "todos nós" diz respeito, no máximo, à maioria. O que, no mínimo, exclui aqueles que não entraram no clima de já ganhou e nem fizeram juras de amor eterno a Zagallo.
E quando seu ufanismo se transforma em piedade, ao dizer que "a obrigação do ouro pesou demais sobre os ombros dos nossos meninos", ele se esquece que há tantos meninos na seleção brasileira como na argentina e na nigeriana.
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Pergunta fora de hora: o que fez Américo Faria no futebol para ser auxiliar técnico de uma seleção brasileira?
Resposta surpreendente: foi um bom técnico do Olaria.
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Então, ficamos assim: a receita para golear os adversários como a seleção olímpica fez nos amistosos e diante de Portugal é simples. Basta dizer aos jogadores que a partida não tem a menor importância.
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O valor do bronze para o futebol é igualzinho ao do ouro no iatismo para a felicidade nacional: nenhum.
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Uma extra-olímpica: o juiz da 3ª Vara Cível de Presidente Prudente, Paulo Gimenez Alonso, anulou o decreto do prefeito prudentino que batizou o estádio da cidade com o nome de Eduardo Farah. O "Farazão" volta a se chamar Paulo Constantino. Medalha de ouro para a Justiça.

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