São Paulo, domingo, 4 de agosto de 1996
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Seita tinha laboratório

DA REPORTAGEM LOCAL; DA "NEW SCIENTIST"

O ataque da seita japonesa Aum no metrô de Tóquio seria apenas o primeiro de uma série de atentados químicos e biológicos.
Kyle Olson, especialista em armas químicas e biológicas de uma empresa americana de consultoria em segurança, diz que a seita tinha um laboratório para desenvolvimento do bioterrorismo.
Segundo Olson, que entrevistou membros do grupo, em 1990 eles tentavam elaborar um modo de dispersar as bactérias que provocam o botulismo. A bactéria produz uma toxina que é o veneno mais potente para o ser humano.
Os casos mais comuns da doença são causados pela ingestão de alimentos, em geral conservas, com a toxina. Causa paralisia e mata pela impossibilidade de respirar. Mesmo com os métodos mais aprimorados de tratamento, a taxa de mortalidade ainda é de 10%.
A seita hoje está agora fora de combate, mas em 1991 seu programa de armas biológicas chegou a realizar uma expedição para conseguir amostras do vírus Ebola. Um dos líderes da seita, Asahara, conseguiu o microorganismo no Zaire, na África.
Os cientistas que investigaram os laboratórios da seita não sabem até que ponto foi desenvolvida a pesquisa com o Ebola, mas acreditam que é bem mais fácil elaborar armas com o vírus do que com o gás venenoso Sarin, usado no metrô. Pior: o vírus é mais eficaz e é tão ou mais difícil de ser controlado do que o gás -alguns microorganismos podem ser obtidos numa viagem obscura à África.
Ou mesmo pelo correio. Em 1995, Larry Harris, microbiólogo e membro da organização racista Nações Arianas, dos EUA, forjou uma carta em nome de um laboratório e conseguiu uma remessa da bactéria que causa a peste bubônica. O laboratório que cedeu os microorganismos desconfiou a tempo e recuperou intacta a amostra.

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