São Paulo, domingo, 4 de agosto de 1996 |
Texto Anterior |
Próximo Texto |
Índice
México teme expansão das guerrilhas Grupos agem em dois Estados EMANUEL NERI
O mais recente foco de rebeldia armado no México ocorreu em 28 de julho, em Guerrero, com o surgimento do ERP (Exército Revolucionário do Povo). O governo reprime o grupo com 10 mil homens. A nova ação de guerrilha do México surgiu no Vale de Águas Brancas, local em que há um ano forças policiais locais mataram 17 camponeses. A matança foi filmada por uma equipe de TV e teve repercussão em todo o mundo. O "subcomandante Marcos", chefe do EZLN (Exército Zapatista de Libertação Nacional), vê "razões lógicas" para o surgimento do Exército Revolucionário do Povo. "Nós já havíamos alertado há dois anos que, se não houvesse mudanças na situação social e econômica, esses grupos se multiplicariam", disse, na última quinta-feira. "A falta de democracia e as condições sócio-econômicas agudas são razões principais para isso", afirmou. Mas Marcos também teme "que a banalização da violência destrua a capacidade política" desses grupos. Ao contrário do EZLN, que surgiu no dia 1º de janeiro de 1994, em Chiapas, sudeste do México, o ERP tem ligações com antigos grupos guerrilheiros que já atuaram no México, de orientação maoísta. O serviço de informação militar do México acredita que o ERP tem ligações com guerrilhas dirigidas por Lucio Cabanas e Genero Vázquez, que existiram nos anos 60. Mas o governo também trabalha com a possibilidade de o ERP estar ligado à OCSS (Organização Camponesa da Serra do Sul), que reúne sindicatos rurais do sul do país. A OCSS nega vinculação com o ERP. O novo foco guerrilheiro do México está bem armado. Seus integrantes usam rifles AK-47 e metralhadoras. Na primeira semana de julho, houve choque com o Exército -um militar foi morto. Guerrero é o Estado em que está localizada a cidade de Acapulco, um dos maiores pontos turísticos do México. É também um dos Estados mais pobres do país. O governo teme que a guerrilha afugente os turistas que visitam a região. A exemplo de Guerrero e Chiapas, os Estados de Michoacán, Oaxaca e Puebla também reúnem grupos descontentes com o governo, que podem virar guerrilhas. Para adversários do governo, o motivo do surgimento dos focos guerrilheiros no México são quase sempre os mesmos: injustiça social e assassinatos políticos. Em Guerrero, as forças policiais são acusadas de ter matado 618 pessoas. Texto Anterior: Grupo reúne 2.000 mães Próximo Texto: "Marcos" esconde a cara e reforça as lendas Índice |
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress. |