São Paulo, domingo, 4 de agosto de 1996
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Composição diversa gera conflito no país

Árabes, muçulmanos ou cristãos, são 18% do total

IGOR GIELOW
DO ENVIADO ESPECIAL A ISRAEL

A composição demográfica de Israel é uma das mais complexas do mundo, o que explica os intermináveis conflitos na região.
São cerca de 5,2 milhões de habitantes, 82% judeus. Depois da formação do Estado de Israel e da primeira guerra com seus vizinhos árabes, em 1948, judeus de todo o mundo ganharam o direito de virar cidadãos israelenses segundo a Lei do Retorno (1950).
Houve várias correntes migratórias, em especial nos primeiros anos de existência do país.
Nas décadas de 70 e 80, a ex-URSS forneceu a maioria dos imigrantes e, agora, os judeus etíopes e do Leste Europeu formam o maior fluxo de entrada.
Ao todo, cerca de 500 mil imigrantes ainda precisam ser assentados, o que provoca conflitos com os palestinos -que querem um Estado independente na região da Cisjordânia e da faixa de Gaza.
Essas regiões foram alvo de disputas no passado. Em 1967, na Guerra dos Seis Dias, Israel anexou-as de vez. As colinas do Golã, sírias, também foram ocupadas.
Em 1973, ataque dos sírios e egípcios tentou recuperar os territórios, mas foi rechaçado. Em 1979, com a paz entre Egito e Israel patrocinada pelos EUA, estabeleceram-se as atuais fronteiras.
Em 1993, após negociações secretas em Oslo (Noruega), a OLP (Organização para a Libertação da Palestina) e Israel firmaram acordos de princípios para trazer paz à região. Em 1994, foi a vez da paz com a Jordânia do rei Hussein.
Um dos pontos mais críticos é justamente o destino dos colonos judeus. Em Hebron, por exemplo, há 400 deles entre 120 mil palestinos. O governo reluta em retirar suas tropas da cidade, embora isso estivesse previsto para março, devido ao medo de conflito.
Há também a questão dos árabes israelenses, que compõem 18% da população do país.
Cerca de 750 mil (76%) são muçulmanos sunitas. A maioria é de origem palestina, mas há também os beduínos, moradores das regiões desérticas do sul israelense que se dividem em 30 tribos.
São 150 mil os cristãos árabes, 42% deles católicos gregos, 32% gregos ortodoxos e 16% católicos romanos. Os drusos, membros de uma seita muçulmana de princípios secretos, são 80 mil. Por fim, há os árabes cricassianos, 3.000 ao todo, que são sunitas da Galiléia.
Todo o processo de paz na região tenta contemplar essa colcha de retalhos étnica e religiosa.
Tanto que o maior foco de discussão, o status de Jerusalém, deve-se ao fato de a cidade ser sagrada para cristãos, judeus e muçulmanos. Em 1947, as Nações Unidas haviam proposto um status internacional, que foi rejeitado pelos árabes. Em 1967, foi reunificada à força pelos israelenses.
Agora, sua definição política depende do estabelecimento dos outros pontos do processo de paz. Prevista em Oslo, essa definição agora deve ser postergada enquanto a direita, liderada pelo Likud, estiver no poder.

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